Abstract in Portuguese | Durante o período que antecedeu a Rio+20, um congresso mundial sobre nutrição realizado no Rio de Janeiro em abril passou despercebido pela mídia, mas reuniu especialistas dedicados a encontrar soluções para a desnutrição e a alimentação inadequada globalmente. O evento destacou que um terço das crianças com menos de cinco anos em países pobres sofrem de desnutrição, e 40% das crianças de 23 dos 40 países africanos apresentam altura inadequada para a idade. Além disso, o aumento alarmante de doenças crônicas relacionadas à alimentação inadequada e hipercalórica foi observado não apenas em países desenvolvidos, mas também em desenvolvimento. O Brasil enfrenta um crescimento anual de 1% em obesidade e sobrepeso, podendo atingir níveis epidêmicos em 13 anos. A Associação Brasileira de Saúde Coletiva destaca que a alimentação industrializada contribui para o problema em vez de resolvê-lo. Os sistemas alimentares tradicionais, inclusive entre os indígenas brasileiros, estão em crise, provocando condições como diabetes e hipertensão. Os debates no congresso foram marcados por análises aprofundadas sobre o papel dos modelos de produção, estratégias de propaganda, interesses do agronegócio, e o poder da indústria de comunicação e propaganda. Os participantes criticaram a responsabilização individual e a mudança de hábitos como solução ingênua, destacando a necessidade de abordar questões estruturais e de regulação política. Uma crítica adicional foi direcionada à fragilidade dos sistemas de pensamento reflexivo e crítico, educacionais, e de mobilização social em enfrentar o poder do mercado de alimentos, que prioriza o lucro em detrimento da saúde das pessoas. Isso incluiu uma autocrítica ao Programa RADIS, evidenciando a dificuldade em construir estratégias eficazes diante das pressões do mercado de alimentos sobre as políticas públicas. | pt_BR |