Estudos sobre os Flebotomíneos e os Potenciais Vetores da Leishmaniose Tegumentar Americana no estado do Tocantins

Abstract

Embora as leishmanioses sejam consideradas como graves problemas de saúde pública no estado do Tocantins, em consequência de intervenções ambientais, poucos avanços em estudos taxonômicos e bioecológicos da fauna de flebotomíneos ocorreram no estado. Sendo assim, o estudo teve como objetivo conhecer a fauna de flebotomíneos e aspectos da bioecologia de vetores de Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) nos municípios de Porto Nacional, este diretamente impactado pela construção da Usina Hidrelétrica Luís Eduardo Magalhães (UHE - Lajeado) e Guaraí que apresenta problemas socioambientais, como o estabelecimento de assentamentos rurais, ambos os municípios registraram casos da doença nos últimos anos. Foram escolhidas áreas de coletas de flebotomíneos, designadas como Estações de Monitoramento, duas na área rural e duas na área periurbana de cada município. As capturas foram realizadas com auxílio de armadilhas luminosas CDC modelo HP e armadilha de Shannon. Em Porto Nacional entre junho de 2004 a setembro de 2007 foram coletados 7162 indivíduos, 4533 machos e 2629 fêmeas, e a fauna flebotomínica composta por 48 espécies, sendo 22 registradas pela primeira vez no Tocantins. Deve ser destacada a presença de alguns vetores no município, como: Lutzomyia longipalpis, Migonemyia migonei, Bichromomyia flaviscutellata, Nyssomyia antunesi, Ny. whitmani e Ny. intermedia. Foi obervado que Ny. whitmani, vetor de LTA predomina na área rural e Lutzomyia longipalpis, vetor de leishmaniose visceral americana (LVA), no ambiente periurbano, assim como a presença de Bi. flaviscutellata na área periurbana. Em Guaraí as coletas foram realizadas entre janeiro de 2005 a junho de 2008; capturou-se 3530 espécimes, 1872 machos e 1658 fêmeas, sendo que 11 espécies foram relatadas pela primeira vez no estado. Dentre os potenciais vetores de leishmanioses coletados foram registrados: Ny. antunesi, Ny. whitmani, Ny intermedia, Bi. flaviscutellata, Psychodopygus complexus, Ps. ayrozai, Ps. paraensis, Ps. hirsutus hirsutus, Trichophoromyia ubiquitalis e Mi. migonei, vetores de LTA e Lu. longipalpis e Mi. migonei transmissores de LVA. Foi detectada a infecção natural de Ps. complexus na área rural do município em capturas com armadilha de Shannon, onde a espécie mostrou comportamento antropofílico. Sendo assim, é sugerido que Ps. complexus possa ter participação no ciclo de transmissão na localidade, se configurando como o primeiro registro de infecção natural da espécie fora do estado do Pará, onde é vetor de Leishmania (Viannia) braziliensis.