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ATENÇÃO ÀS PESSOAS ACOMETIDAS POR HANSENÍASE: AÇÕES REALIZADAS POR MÉDICOS E CIRURGIÕES DENTISTAS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Bomfim, Elaine Lopes Pedrosa | Data do documento:
2022
Autor(es)
Orientador
Membros da banca
Afiliação
Fundação Oswaldo Cruz. Programa de Pós- Graduação em Saúde da Família- PROFSAÚDE. Fiocruz Ceará. Eusébio, CE, Brasil
Resumo
A hanseníase, doença crônica, infectocontagiosa e de difícil manejo e controle, tem distribuição
geográfica heterogênea. As regiões Norte e Nordeste estão entre as de maior endemicidade. No
Brasil é observado uma vasta diversidade nas formas de atenção e cuidado junto às pessoas
portadoras de hanseníase. Apesar da Estratégia Saúde da Família (ESF) ter como objetivo a
integralidade e a multidisciplinaridade, pouco se conhece a respeito das atividades por categoria
e integradas, que envolvam a Hanseníase. A fim de analisar como ocorre o cuidado aos
portadores de hanseníase na atenção primária, o presente estudo teve como objetivo investigar
o conhecimento profissional e a organização dos processos de trabalho, na atenção ao agravo,
dos médicos e cirurgiões-dentistas da ESF de Fortaleza. Estudo epidemiológico observacional,
transversal, com uma análise descritiva, dividido em dois momentos. O primeiro orientado para
uma análise documental, sobre as características epidemiológicas da hanseníase no Município
de Fortaleza nos anos de 2019 e 2020. O segundo momento correspondeu a pesquisa de campo,
transversal e com abordagem quantitativa, realizada sob a forma de questionário
semiestruturado, e aplicado aos profissionais médicos e cirurgiões dentistas atuantes na ESF do
município de Fortaleza, independente do vínculo empregatício. A coleta dos dados se deu entre
o período de dezembro de 2020 a julho de 2021, mediada pela plataforma virtual Google Forms.
A população foi de 366 profissionais, sendo 222 médicos e 144 cirurgiões dentistas. O banco
de dados foi elaborado com software Epidata versão 3.1 e os dados analisados com o software
STATA 14.0. As áreas de clusters de casos de hanseníase em Fortaleza se encontravam
principalmente nas regionais CORES I, V e VI. As notificações de casos novos foram mais
prevalentes no Hospital Regional Dona Libânia (Centro de referência para o agravo) tanto em
2019 (47,1%) como em 2020 (54,1%) seguidas pelas Unidades Básicas de Saúde, com 48,7%
em 2019 e 44,2% em 2020. Houve redução do coeficiente de detecção geral de 2019 (17,0%)
para 2020 (12,7%) como nos menores de 15 anos de 2019 (4,2%) para 2020 (1,8%). De acordo
com os profissionais entrevistados, 26,77% estavam lotados na regional CORES VI, e 52,18%
estavam contratados de forma estatutária. Entre profissionais médicos, 89,23% dos estatutários
já haviam atendido pessoas portadoras de hanseníase, seguidos por 74,64% dos participantes
do programa Mais Médicos. Cerca de 68,30% de todos os profissionais apresentavam até, no
máximo, três capacitações relativas à hanseníase, desses, 71,52% eram cirurgiões dentistas e
66,21% eram médicos. Referente aos médicos participantes do estudo, 93,84% dos que tinham
capacitações, estavam contratados sob a forma estatutária. Cerca de 40,43% dos participantes,
entre eles, 54,16% dos cirurgiões dentistas e 31,53% dos médicos não questionavam, durante
seus atendimentos aos portadores de hanseníase, sobre a importância da vacinação de seus
contatos familiares e sociais. No tocante a situação epidemiológica do agravo, 25,22% dos
médicos e 49,30% dos cirurgiões dentistas desconheciam a mesma em sua área de abrangência.
Todavia 53,15% dos médicos e 33,33% dos cirurgiões dentistas, consideravam a doença
relevante e este um importante problema de saúde em seu território. Cerca de 47,91% dos
cirurgiões dentistas e 42,79% dos médicos relatou que não participava de ações educativas
voltadas para hanseníase. Grande parte dos cirurgiões dentistas (96,83%) nunca suspeitou do
agravo, durante seus atendimentos odontológicos. Adicionalmente, 89,05% dos profissionais
dessa categoria desconheciam qualquer ligação que a doença pudesse ter com a odontologia.
Ainda com relação aos cirurgiões dentistas, 96,83% nunca havia realizado avaliações
programadas e integradas direcionadas para hanseníase e 95,83% se consideravam inseguros
para atendimentos voltados ao agravo. De acordo com a análise realizada, há muitas
fragilidades no que tange ao desenvolvimento e planejamento das ações de controle e cuidado
às pessoas portadoras de hanseníase. Para tanto, os profissionais em questão necessitam avançar
em aspectos bastante relevantes sobre esse tema, de forma que possam se envolver integral e
longitudinalmente junto às Ações de Controle da Hanseníase (ACH), buscando um
redirecionamento na elaboração de atividades e acompanhamento do agravo.
Resumo em Inglês
Introduction: Leprosy is a chronic infectious disease difficult to manage and control and has a
heterogeneous geographic distribution. The North and Northeast regions of Brazil are among
the most endemic. In this country, there is a vast diversity in the forms of attention and care for
people with leprosy. Although the Family Health Strategy aims at comprehensiveness and
multidisciplinarity, little is known about the activities, per category and integrated, involving
leprosy. Objective: Thus, in order to analyze how the care for leprosy patients takes place in
primary care, this study aimed to investigate the professional knowledge and work process
organization, in care to the disease, of physicians and dental surgeons of the Family Health
Strategy from Fortaleza-CE, Brazil. This is an observational, cross-sectional epidemiological
study with descriptive analysis divided into two moments. The first oriented towards a
documental analysis on the epidemiological characteristics of leprosy in the city of Fortaleza in
2019 and 2020. And the second moment corresponded to a cross-sectional field research with
quantitative approach conducted in the form of a semi-structured questionnaire applied to
medical professionals and dental surgeons working in the Family Health Strategy (FHS) in the
city of Fortaleza, regardless of employment relationship. Data collection occurred between
December 2020 and July 2021, using the google forms virtual platform. The population
comprised 366 professionals, being 222 physicians and 144 dental surgeons. The database was
created using EpiData software version 3.1 and the data analyzed using Stata software version
14.0. The cluster areas of leprosy cases in Fortaleza were mainly found in the Regional Health
Coordination Units (CORES) I, V and VI. New case notifications were more prevalent at the
Dona Libânia Regional Hospital (Reference Center for the disease) both in 2019 (47.1%) and
in 2020 (54.1%) followed by Basic Health Units, with 48.7% in 2019 and 44.2% in 2020. There
was a reduction in the overall detection coefficient from 2019 (17.0%) to 2020 (12.7%), as well
as in those under 15 years of age from 2019 (4.2%) to 2020 (1.8%). According to the
professionals interviewed, 26.77% were working in the CORES VI, and 52.18% were hired on
a statutory basis. Among medical professionals, 89.23% of the statutory ones had already
assisted people with leprosy, followed by 74.64% of the participants of the “Mais Médicos”
program. About 68.30% of all professionals had up to, at most, three qualifications related to
leprosy, of these, 71.52% were dental surgeons and 66.21% were physicians. Regarding the
physicians participating in the study, 93.84% of those with leprosy qualifications were hired
under the statutory form. About 40.43% of the participants, including 54.16% of the dental
surgeons and 31.53% of the physicians, did not question, during their consultations with leprosy
patients, about the importance of vaccinating their family and social contacts. Regarding the
epidemiological situation of the disease, 25.22% of physicians and 49.30% of dental surgeons
were unaware of it in their coverage area. Nevertheless, 53.15% of physicians and 33.33% of
dental surgeons considered the disease relevant and an important health problem in their
territory. About 47.91% of dental surgeons and 42.79% of physicians reported that they did not
participate in educational activities aimed at leprosy. Most dental surgeons (96.83%) never
suspected the disease during their dental consultations. Furthermore, 89.05% of professionals
in this category were unaware of any connection that the disease could have with dentistry. Still
regarding dental surgeons, 96.83% had never performed programmed and integrated
assessments aimed at leprosy and 95.83% felt insecure to deal with the disease. According to
the analysis performed, there are many weaknesses regarding the development and planning of
control and care actions for people with leprosy. Therefore, the professionals in question need
to improve very relevant aspects related to this matter, so that they can be fully and
longitudinally involved with the Leprosy Control Activities (LCA), seeking to redirect the
development of activities and monitoring of the disease.
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