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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/66272
INTERAÇÃO TRIPARTIDA: LEISHMANIA, MICROBIOTA E LUTZOMYIA LONGIPALPIS
Campolina, Thaís Bonifácio | Data do documento:
2021
Autor(es)
Orientador
Membros da banca
Afiliação
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto René Rachou. Belo Horizonte, MG, Brazil.
Resumo
As leishmanioses são um grupo de doenças causadas por protozoários do gênero Leishmania, que são transmitidas pela picada de flebotomíneos. No Novo Mundo, Lutzomyia longipalpis é um importante vetor da Leishmania infantum, o agente etiológico da leishmaniose visceral no Brasil. A microbiota nativa dos flebotomíneos tem ganhado relevância e sua composição muda de acordo com os distintos estágios de desenvolvimento, sendo fortemente influenciado pelo local onde vivem, pelas fontes alimentares e condições fisiológicas. A diversidade da microbiota e as interações hospedeiro-microbiota-patógeno em relação às espécies de flebotomíneos do Novo Mundo ainda precisam ser amplamente estudadas. Os flebotomíneos adultos foram coletados na Gruta da Lapinha/MG através de armadilhas luminosas do tipo CDC e identificados morfologicamente. A microbiota do intestino médio foi isolada usando uma técnica dependente de cultura e sequenciamento do gene 16s rRNA. O sequenciamento revelou 13 gêneros bacterianos distintos em Lu. longipalpis sob diversas condições fisiológicas e estágios de desenvolvimento (Bacillus, Enterococcus, Erwinia, Enterobacter, Escherichia, Klebsiella, Lysinibacillus, Pseudocitrobacter, Providencia, Pseudomonas, Serratia, Staphylococcus e Solibacillus). Os efeitos in vitro e in vivo de cada uma das 13 bactérias nativas da Lu. longipalpis foram analisados por cocultivo com promastigotas de Leishmania infantum chagasi, Leishmania major, Leishmania amazonensis e Leishmania braziliensis. Após 24 h de cocultivo, uma redução do crescimento é observada em todas as espécies de parasitas. Quando os parasitas foram co-cultivados com Lysinibacillus, todos os parasitas de L. i. chagasi e L. amazonensis morreram em 24 horas. Na coinfecção in vivo de L.i. chagasi, L. major e L. amazonensis com os gêneros Lysinibacillus, Pseudocitrobacter e Serratia foi possível observar uma diferença significativa entre os grupos coinfetados com os gêneros bacterianos e o grupo controle. Mesmo quando os insetos já apresentavam uma infecção inicialmente estabelecida com L. i. chagasi, os gêneros bacterianos Lysinibacillus e Serratia ainda foram capazes de competir com os parasitos, causando uma queda na taxa de infecção no vetor. Esses achados sugerem que as bactérias simbiontes (Lysinibacillus, Serratia e Pseudocitrobacter) são candidatos potenciais para o controle paratransgênico ou biológico. Mais estudos são necessários para identificar a natureza das moléculas efetoras envolvidas na redução da competência do vetor para Leishmania.
Resumo em Inglês
Leishmaniasis is a group of diseases caused by protozoa of the genus Leishmania, which are transmitted by the bite of sandflies. In the New World, Lutzomyia longipalpis is an important vector of visceral leishmaniasis in Brazil. The native microbiota of sandflies has gained relevance and its composition changes according to the different stages of development, being strongly influenced by the place where they live, by the food sources and physiological conditions. The diversity of the microbiota and the host-microbiota-pathogen interactions in relation to New World sandfly species have yet to be widely studied. The adult insects were collected at Gruta da Lapinha / MG using CDC light traps and morphologically identified. The midgut microbiota was isolated using a culture-dependent technique and sequencing the 16s rRNA gene. Sequencing revealed 13 distinct bacterial genera in Lu. longipalpis under different physiological conditions and stages of development (Bacillus, Enterococcus, Erwinia, Enterobacter, Escherichia, Klebsiella, Lysinibacillus, Pseudocitrobacter, Providencia, Pseudomonas, Serratia, Staphylococcus and Solibacillus). The in vitro and in vivo effects of each of 13 native bactéria were analyzed by coculture with promastigotes of Leishmania infantum chagasi, Leishmania major, Leishmania amazonensis and Leishmania braziliensis. After 24 h of cultivation, a reduction in growth was observed in all parasites species. When the parasites were co-cultivated with Lysinibacillus, all parasites of L. i. chagasi and L. amazonensis died within 24 hours. In the in vivo co-infection of L.i. chagasi, L. major and L. amazonensis with the genera Lysinibacillus, Pseudocitrobacter and Serratia it was possible to observe a significant difference between the groups co-infected with the bacterial genera and the control group. Even when the insects already had an established infection with L. i. chagasi, the genera Lysinibacillus and Serratia were still able to compete with the parasites, causing a drop in the vector infection rate. These findings suggest that symbiotic bacteria (Lysinibacillus, Serratia and Pseudocitrobacter) are potential candidates for paratransgenic or biological control. Further studies are needed to identify the nature of the effector molecules involved in reducing the vector's competence for Leishmania.
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