Fatores associados ao risco da ocorrência de hanseníase: perspectivas sociodemográficas, clínicas, epidemiológicas e espaciais, João Pessoa-PB, 2001-2019

Abstract

A hanseníase é uma doença negligenciada, cuja distribuição no mundo não é homogênea. O Brasil ocupa o segundo lugar em número de casos. A doença está diretamente relacionada com as condições de vida da população. O objetivo desta tese foi analisar as características sociodemográficas, clínicas e epidemiológicas dos casos de hanseníase e os fatores associados à dinâmica espacial do risco de ocorrência da hanseníase, no município de João Pessoa, no período de 2001 a 2019. Trata-se de um estudo ecológico realizado com os casos novos de hanseníase diagnosticados no período de 2001 a 2019 em João Pessoa/PB, a partir dados secundários do Sinan. Os dados foram divididos e analisados nos períodos 2001-2009 e 2010-2019. Realizou-se análise descritiva dos dados sociodemográfico, clínicos e epidemiológicos. Para a análise espacial, foram utilizadas as estatísticas de autocorrelação espacial global e local e a incidência média suavizada pela modelagem Bayesiana Empírica Local. Para identificar os fatores associados ao risco do adoecimento foi utilizada a análise de regressão multivariada e a análise geograficamente ponderada. Os resultados demonstraram que a hanseníase em João Pessoa acomete mais o sexo feminino (50,6%), a faixa etária de 30 a 44 anos (25,6%), a cor de pele parda(56,1%) e com instrução em nível fundamental incompleto (47,8%).Os diagnosticados com incapacidade grau 2 são em maioria idosos (27%), homens (74,8%) e de cor de pele parda (61,7%). Análise espacial identificou correlação positiva e heterogeneidade na distribuição de casos. O modelo de risco espacial identificou que a presença de caso menor de 15 anos e as variáveis socioeconômicas estão associadas a locais de maior incidência da hanseníase. Verificou-se que os locais considerados com maior risco estão nas regiões sul e oeste da cidade, onde encontram-se os bairros mais pobres da cidade. Os resultados desse estudo podem contribuir para a tomada de decisões por gestores públicos sobre as ações de controle e eliminação da hanseníase, considerando os fatores associados ao risco do adoecimento, e inspirar novos estudos no município de João Pessoa.