Mulheres em situação de violência: análise de dados de serviços da rede de enfrentamento no município de Petrópolis/RJ no ano de 2018

Abstract

Este trabalho objetiva comparar os dados de violência contra as mulheres oriundos dos diferentes serviços da rede de enfrentamento a esta violência em Petrópolis – RJ no ano de 2018. Estudo quantitativo, descritivo, do tipo transversal com coleta de dados em bases secundárias pertencentes ao Centro de Referência e Atendimento à Mulher (CRAM), ao setor de Vigilância Epidemiológica (VE) e ao Dossiê Mulher de 2019, no que diz respeito às Delegacias de Polícia (DP) do município. Foram coletadas 288 fichas do CRAM, 399 da VE e analisados 2.224 dados das DPs de mulheres entre 18 e 59 anos de idade. A análise permite afirmar que: (1) Quanto ao histórico de atendimentos: o ano de 2018 foi o que obteve o maior número de registros desde 2014, sendo março o mês de maior concentração; (2) Quanto às mulheres atendidas, a maioria possui o Ensino Médio completo. Tanto no CRAM quanto na VE, a faixa etária é de 20 a 29 anos, enquanto nas DPs, 18 a 39 anos. Em números absolutos, a maioria é de mulheres brancas, mas, proporcionalmente ao quantitativo populacional, as negras são mais afetadas. Predominam as solteiras. No que diz respeito a profissão, concentra-se no terceiro setor. Moram principalmente no 1º distrito do município, onde se concentra a maior parte da população, assim como do comércio. Neste, tem-se o registro do maior número de agredidas (3) Quanto aos tipos de violência, prevalecem as agressões físicas e psicológicas. A violência sexual tem o menor percentual, destaca-se o quantitativo de estupros. As agressões ocorreram em casa, no período da noite (18 às 23h59) (4). Quanto aos itinerários, a busca pelo CRAM se deu predominantemente por encaminhamentos das DPs (42,4%) e as usuárias apresentavam, sobretudo, necessidade de atendimento jurídico (58,3%). Já a VE, encaminhou em 65,1% para a DP e o CRAM para o seu setor jurídico em 12,7% dos casos. (5) Quanto aos profissionais responsáveis pelo atendimento, o maior número de notificações compulsórias foram realizadas por assistentes sociais (41,1%), que também foram as que mais fizeram primeiros atendimentos no CRAM (43,1%). Conclui-se que a rede tem fragilidades em seu funcionamento como um todo decorrentes da necessidade de maiores investimentos em capacitação de seus profissionais na temática, assim como da gestão estratégica de dados oriundos dos atendimentos realizados, de forma a colaborar com a garantia dos direitos das mulheres.