Análise de custo-efetividade de um programa de exercícios físicos em reabilitação cardiovascular em pacientes com cardiopatia chagásica crônica

Abstract

A doença de Chagas (DC) ainda permanece como um importante problema de saúde pública acometendo milhões de pessoas em todo o mundo, principalmente no Brasil. Os pacientes com cardiopatia chagásica crônica (CCC) necessitam de cuidados mais complexos e consequentemente demandam maior parcela de recursos para seu tratamento e benefícios sociais. Pesquisas realizadas em países endêmicos e não endêmicos ratificam que o impacto desta doença é grande para sociedade e para a economia local, alertando sobre a necessidade de mais estudos econômicos para subsidiar gestores públicos na tomada de decisão. Desta forma, o objetivo dessa pesquisa é realizar análise custo-efetividade de um programa de reabilitação cardiovascular (RC) com ênfase em exercícios físicos em pacientes com cardiopatia chagásica crônica (estágios B2 e C de acordo com o Consenso Brasileiro em Doença de Chagas, 2015). A hipótese do trabalho é que um programa de RC com exercícios físicos apresenta uma boa relação custo-efetividade quando comparado ao tratamento sem exercícios físicos. O presente estudo é uma análise secundária de um ensaio clínico randomizado que avaliou o efeito de um programa de RC com exercícios físicos em pacientes com CCC – estudo PEACH. Os pacientes incluídos foram randomizados na razão de 1:1 (grupos intervenção e controle) e acompanhados durante seis meses. O grupo de intervenção realizou três sessões semanais de exercícios físicos e os pacientes do grupo controle não receberam prescrição formal de exercícios Ambos os grupos receberam mensalmente aconselhamento nutricional e farmacêutico durante o período do estudo. A variação do consumo de oxigênio no pico do exercício (VO2pico) durante o período de acompanhamento foi utilizada como medida de desfecho clínico em função de seu valor prognóstico, tendo sido realizado através do teste de exercício cardiopulmonar máximo (TECP) na linha de base, após 3 e 6 meses de acompanhamento. As informações de custos que subsidiaram a análise foram extraídas por meio de consulta ao prontuário eletrônico. A análise custo efetividade foi calculada utilizando o pacote HEABS do Stata 13.0. O grupo de intervenção teve maiores custos com consultas (β= +7.231,7; p<0,001), internação (β= +6.126,7; p=0,02) e custo total (β= +13.969,3; p<0,001) após três meses de acompanhamento. Os custos com consultas (β= +5.353,6; p<0,001) e o custo total (β= +10.270,8; p<0,001) se mantiveram mais elevados no grupo de intervenção após seis meses de acompanhamento. O programa de RC com exercício apresentou ser bastante custo-efetivo para os pacientes com CCC e teve como resultado a razão de custo-efetividade incremental de R$ 4.085,9 ou equivalente a $PPP 1.874,3 dólares americanos usando a paridade do poder de compra para cada aumento de 1,0 ml.kg 1 .min-1 do VO2pico. Um programa de RC com exercício físico pode ser considerado uma importante alternativa custo-efetiva no cuidado aos pacientes com CCC, sendo de grande importância como medida de saúde pública