Avaliação dos níveis do receptor de vitamina D (VDR) em células de sangue periférico em portadores da Doença de Chagas

Abstract

A doença de Chagas é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e divide-se clinicamente em fases aguda e crónica. Na fase crônica da doença de Chagas alguns pacientes desenvolvem manifestações clínicas e outros não, podendo ser justificada de acordo com a resposta imunologica desses pacientes. A cardiomiopatia chagásica crônica é a manifestação mais estudada da doença. A vitamina D é um hormônio lipossolúvel altamente importante como imunomodulador. Para desempenhar suas funções fisiológicas, a vitamina D atua como ligante para o fator de transcrição nuclear, o Receptor de Vitamina D (VDR) e desempenha importantes ações no sistema imune. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o VDR em linfócitos e monócitos e avaliar o efeito imunomodulador in vitro da vitamina D de portadores crônicos da doença de Chagas, atendidos no Ambulatório de doença de Chagas e Insuficiência Cardíaca do Pronto Socorro Cardiológico de Pernambuco (PROCAPE) da Universidade de Pernambuco, de acordo com os critérios de inclusão do estudo. Foram incluídos 16 pacientes da forma indeterminada (IND), 13 da forma cardíaca leve (CARD1) e 21 da forma cardíaca grave (CARD2) da doença de Chagas, e 12 com cardiopatia idiopática (CARDid). Células mononucleares do sangue periférico (PBMC) foram avaliadas quanto à frequência do VDR (de superfície e intracitoplasmática) em linfócitos TCD4+ e TCD8+ e em monócitos CD14+. Além disso, PBMC foram cultivadas com vitamina D in vitro (1 x 10-7M) por 24 horas e as citocinas foram dosadas no sobrenadante da cultura. Embora não tenha sido possível demonstrar diferenças estatisticamente significativas entre os grupos estudados, os nossos dados mostraram que as células tratadas com vitamina D modificam a produção de IFN-gama (diminuição no IND); TNF-α (diminuição no CARD1 e CARDid); IL-6 (aumento em todos os grupos) e IL-10 (diminuição no CARD1, CARD2 e CARDid) quando comparadas com as células não tratadas. Em relação a frequência do VDR foi verificado aumento estatístico significativo em células TCD8+, monócitos CD14+HLADR+ e em células TCD4+CD25+ no grupo CARD2, o que poderia explicar tentativa de minimizar danos tissulares cardíacos. Ademais, o tratamento in vitro com vitamina D modulou distintamente a produção de citocinas por células mononucleares do sangue periférico de pacientes com formas clínicas cardíacas crônicas e indeterminadas da doença de Chagas .