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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/62369
Tipo de documento
TeseDireito Autoral
Acesso restrito
Data de embargo
2030-12-31
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
03 Saúde e Bem-Estar05 Igualdade de gênero
16 Paz, Justiça e Instituições Eficazes
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MORTALIDADE DE MULHERES COM NOTIFICAÇÃO DE VIOLÊNCIA DURANTE A GRAVIDEZ NO BRASIL: AVALIAÇÃO DO RISCO E POSSIBILIDADES DE VIGILÂNCIA
Causas externas de morbidade e mortalidade
Classificação Internacional de Doenças
Gravidez
Homicídio
Morte materna
Monitoramento
Mortalidade
Prevenção
Sistema de informação em saúde
Violência de gênero
External causes of morbidity and mortality
Health information system
Homicide
International Classification of Diseases
Maternal death
Monitoring
Mortality
Pregnancy
Prevention
Gender violence
Soares, Marcela Quaresma | Data do documento:
2023
Autor(es)
Orientador
Membros da banca
Afiliação
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto René Rachou. Belo Horizonte, MG, Brazil.
Resumo
Introdução: A violência contra as mulheres, no contexto da gravidez, emerge como um fenômeno preocupante e complexo, com consequências potencialmente devastadoras para a saúde e para a vida das mulheres. Objetivo: Compreender como a exposição às violências durante a gravidez impactam a mortalidade das mulheres brasileiras. Materiais e métodos: A pesquisa foi organizada em quatro artigos, sendo uma revisão integrativa de literatura, um estudo transversal, um estudo do tipo caso-controle e uma análise de sobrevivência. A revisão de literatura analisou artigos entre 2000 e 2020, publicados em seis bases de dados (Public Medline, LILACS, Web of Science, Embase, Scopus e PsycINFO). Os demais artigos, envolveram estudos de abordagem quantitativa e utilizaram informações provenientes do relacionamento de dados (linkage) sobre violência interpessoal na gravidez e óbitos ocorridos no Brasil, entre 2011 e 2017, obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação e do Sistema de Informação sobre Mortalidade. No estudo transversal o teste qui-quadrado de Pearson foi utilizado para buscar diferenças de características entre mulheres que vieram a óbito por feminicídios e por demais causas de morte materna. No estudo caso-controle as análises de fatores relacionados ao óbito foram baseadas na regressão logística. Para a análise de sobrevivência, utilizou-se o método Kaplan-Meier para estimar a probabilidade de sobrevivência e o modelo proporcional de Cox para investigar fatores de risco associados ao óbito. As análises foram realizadas no software R, versão 4.0.3. Resultados: i) A revisão de literatura apontou que o feminicídio por parceiro íntimo durante a gravidez e puerpério foi responsável por um importante número de óbitos nesse período; as lesões por arma de fogo foram as mais comuns, acometendo principalmente mulheres negras, solteiras, jovens e usuárias dos serviços de saúde; demonstrou, também que mundialmente, são utilizados diferentes sistemas de informação como fonte de dados para identificar os feminicídios. ii) O estudo transversal evidenciou que os óbitos ocorreram, principalmente, no período gestacional, tendo os feminicídios representado 55,6% do total das mortes. Entretanto, o código O93, marcador de mortes maternas por causas externas foi pouco utilizado. As vítimas de feminicídios apresentaram características diferentes em relação às variáveis faixa etária, raça/cor, deficiência, violência de repetição, tipo de violência e meio de agressão. iii) O estudo caso-controle mostrou um alto percentual de feminicídio (45,2%); os fatores de risco associados ao óbito foram: faixa etária entre 30-39 anos (OR=2,53; IC95% 1,01-6,59); agressão por arma de fogo (OR=14,21; IC95% 4,58-31,86) e objeto perfurocortante (OR=4,45; IC95% 1,01-22,73); como fatores de proteção, observou-se: ser casada/união estável (OR=0,48; IC95% 0,24-0,93); ter escolaridade acima de cinco anos (OR=0,21; IC95% 0,06-0,63) e residir em municípios com população superior a 100 mil habitantes (OR=0,23; IC95% 0,10-0,52). iv) A análise de sobrevivência evidenciou como fatores de risco associados ao óbito de mulheres com notificação de violência pelo parceiro íntimo durante a gravidez: idade (HR=1,03[1,01-1,07]), deficiência/transtorno (HR=2,40[1,22-4,74)]), estar no primeiro trimestre de gestação (HR=2,01[1,22-3,30)], agressão por meio de arma de fogo (HR=13,15[2,64-65,47]) ou objeto perfurocortante (HR=10,59[2,19-51,12]) e ter mais de uma notificação de violência (HR=1,78[1,13-2,82]); o feminicídio foi a principal causa de óbito (45,7%). Conclusão: A pesquisa demonstrou a importância que a violência na gravidez assume na definição sobre como as mulheres brasileiras morrem e permitiu a identificação de situações que as vulnerabilizam, expondo-as a maior risco de óbito. Demonstrou, também, que a morte materna por feminicídio, embora importante, vem sendo ignorada nas estatísticas de mortalidade. A partir do aprimoramento dos sistemas de informação e do monitoramento e avaliação das mortes ocorridas no período gravídico-puerperal é possível vislumbrar possibilidades mais assertivas para se propor e avaliar as políticas públicas de prevenção das mortes evitáveis, incluindo as devido às violências de gênero. O estudo também apontou limitações e oportunidades para a vigilância desses óbitos. Evidencia-se, assim, a relevância desta tese para o avanço do conhecimento sobre a temática, sendo a pesquisa inovadora por apontar implicações para a prática, buscando o fortalecimento das ações de vigilância do óbito materno e ampliação das perspectivas sobre o fenômeno.
Resumo em Inglês
Introduction: Violence against women, in the context of pregnancy, emerges as a worrying and complex phenomenon with potentially devastating consequences for women's health and lives. Objective: Understand how exposure to violence during pregnancy impacts the mortality of Brazilian women. Materials and methods: The research was organized into four articles: an integrative literature review, a cross-sectional study, a case-control study, and a survival analysis. The literature review analyzed articles published between 2000 and 2020 in six databases (Public Medline, LILACS, Web of Science, Embase, Scopus, and PsycINFO). The other articles involved studies with a quantitative approach and used information from the linkage of data on interpersonal violence during pregnancy and deaths that occurred in Brazil between 2011 and 2017, obtained from the Notifiable Diseases Information System and the Mortality Information System. In the cross-sectional study, Pearson's chi-square test was used to look for differences in characteristics between women who died from femicides and other causes of maternal death. In the case-control study, analyses of death-related factors were based on logistic regression. For survival analysis, the Kaplan-Meier method was used to estimate the probability of survival, and the Cox proportional model was used to investigate risk factors associated with death. The analyses were carried out using the R software, version 4.0.3. Results: i) The literature review showed that femicide by an intimate partner during pregnancy and the postpartum period was responsible for a significant number of deaths during this period; firearm injuries were the most common, affecting mainly black, single, young women and users of health services; It also demonstrated that, worldwide, different information systems are used as a source of data to identify femicides. ii) The cross-sectional study showed that deaths occurred mainly during the gestational period, with femicides representing 55.6% of total deaths. However, the code O93, a marker of maternal deaths due to external causes, was little used. Victims of femicides presented different characteristics about the variables: age group, race/color, disability, repeated violence, type of violence, and means of aggression. ii) The case-control study showed a high percentage of femicide (45.2%); the risk factors associated with death were: age range between 30-39 years (OR=2.53; 95%CI 1.01-6.59); assault by firearm (OR=14.21; 95%CI 4.58-31.86) and sharp objects (OR=4.45; 95%CI 1.01-22.73); as protective factors, observed: being married/in a stable union (OR=0.48; 95%CI 0.24-0.93); have more than five years of education (OR=0.21; 95%CI 0.06-0.63) and live in municipalities with a population of more than 100 thousand inhabitants (OR=0.23; 95%CI 0.10-0.52 ). iv) A survival analysis highlighted the following risk factors associated with the death of women with reports of intimate partner violence during pregnancy: age (HR=1.03[1.01-1.07]), disability/disorder (HR=2.40[1.22-4.74)]), being in the first trimester of pregnancy (HR=2.01[1.22-3.30)], aggression with a firearm (HR=13.15[2.64-65.47]) or sharp object (HR=10.59[2.19-51.12]) and having more than one report of violence (HR=1.78[1.13- 2.82]); femicide was the leading cause of death (45.7%). Conclusion: The research demonstrated the importance of violence during pregnancy, defining how Brazilian women die and allowing the identification of situations that make them vulnerable, exposing them to a greater risk of death. It also demonstrated that maternal death due to femicide, although important, has been ignored in mortality statistics. By improving information systems and monitoring and evaluating deaths occurring in the pregnancy-puerperal period, it is possible to envisage more assertive possibilities for proposing and evaluating public policies to prevent avoidable deaths, including those due to gender-based violence. The study also highlighted limitations and opportunities for monitoring these deaths. Therefore, the relevance of this thesis for advancing knowledge on the topic is evident, being innovative research as it points out implications for practice, seeking to strengthen maternal death surveillance actions and broaden perspectives on the consequences.
Palavras-chave
Causas de morteCausas externas de morbidade e mortalidade
Classificação Internacional de Doenças
Gravidez
Homicídio
Morte materna
Monitoramento
Mortalidade
Prevenção
Sistema de informação em saúde
Violência de gênero
Palavras-chave em inglês
Causes of deathExternal causes of morbidity and mortality
Health information system
Homicide
International Classification of Diseases
Maternal death
Monitoring
Mortality
Pregnancy
Prevention
Gender violence
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