Uma abordagem observacional sobre a idade para início dos sintomas, infraestrutura dos serviços de saúde e deslocamento para o tratamento oncológico

Abstract

Devido ao envelhecimento populacional, ao aumento do número de casos e sobrevida de câncer no Brasil, espera-se que a demanda por serviços oncológicos aumente progressivamente nas próximas décadas. Desta forma, é relevante investigar fatores relacionados ao surgimento do câncer, como a idade para início dos sintomas e os elementos que influenciam no acesso integral aos serviços oncológicos. O primeiro objetivo foi estimar a prevalência e a média de idade de início dos sintomas do câncer colorretal no município de São Paulo, Brasil, no período de 2010 a 2015. Primeiramente foi construído um modelo matemático para estimar a média de idade dos sintomas de câncer colorretal e a prevalência. Com base neste estudo, pode-se constatar que apesar do número expressivo de pacientes idosos com câncer colorretal, cerca de 15% dos pacientes tinham idade abaixo de 50 anos em 2010 a 2015 no Estado de São Paulo. Estimou-se que a idade de início dos sintomas do câncer colorretal foi em média 59,95 anos para homens e 58,0 anos para mulheres. Um segundo objetivo consistiu em analisar as disparidades regionais na ocupação de leitos para internações de pacientes com câncer no Sistema Único de Saúde. Para isso, aplicou-se a um modelo por meio de Teoria de Filas a fim de dimensionar a oferta e demanda por internações hospitalares, a probabilidade de sobrecarga de leitos e o número médio de pacientes em espera Encontrou-se que os Estados da região Norte obtiveram as menores taxas de desempenho do modelo, ao passo que os Estados das regiões Sudeste e Sul apresentaram a maior taxa de internações. Em todos os tipos de leitos analisados, o Estado de São Paulo apresentou sobrecarga acima de 95%. Por fim, o terceiro objetivo desta tese aborda a acessibilidade geográfica com a finalidade de investigar os fatores associados à distância para o tratamento de quimioterapia paliativo no Brasil em 2020. Foram calculadas medidas descritivas da distância de deslocamento em km e construído um modelo linear generalizado com distribuição binomial negativa para analisar a associação entre a distância percorrida e variáveis sociodemográficas. A região Norte apresentou a maior média de distância para o tratamento, totalizando 344,10 km, em contrapartida, os procedimentos realizados na região Sul apresentaram 74,25 km em média. Os resultados apresentados fornecem contribuições importantes para a detecção precoce de câncer e o acesso aos serviços de saúde para pacientes oncológicos como a sobrecarga de leitos e a distância para o tratamento de quimioterapia paliativa.