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DissertationCopyright
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Sustainable Development Goals
09 Indústria, inovação e infraestruturaCollections
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A HEPATITE C NA INTERNET E SUAS IMPLICAÇÕES NA RELAÇÃO TERAPÊUTICA: A PERSPECTIVA DO MÉDICO
Reis, Bianca Vieira | Date Issued:
2011
Author
Comittee Member
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
Este trabalho analisa a percepção médica a respeito dos efeitos gerados pela apropriação, por parte dos pacientes, das informações em saúde disponíveis na Internet. Nosso foco analítico privilegia seu impacto na relação médico-paciente, entendida como uma relação terapêutica.
Desse modo, escolhemos como objeto de estudo o cuidado médico aos portadores de hepatite
C. Mais especificamente, os aspectos comunicacionais presentes na interação,
necessariamente prolongada, entre o médico hepatologista - ramo da clínica que estuda e trata as patologias do fígado - e seus pacientes portadores do VHC, vírus da hepatite C. Nos filiamos às abordagens sobre a assistência aos doentes crônicos que têm valorizado o papel do doente como ator, tanto na construção negociada da definição da doença (seu diagnóstico), quanto na organização social do tratamento. Essa visão é mais sensível à existência de diferentes tipos de médicos e pacientes que estabelecem interações diversas e não um modelo único de relação. Fatores como a especialidade do médico, o status sócioeconômico do paciente e seu nível de instrução, a situação institucional da consulta, isto é, se
ocorre na clínica privada, se é mediada por planos de saúde, ou se acontece no sistema
público, resultam em interações muito distintas. Por isso, os impactos da Internet, como um instrumento de mediação na relação médico-paciente, precisam ser qualificados em termos de
cada tipo de doença, das práticas terapêuticas disponíveis e dos contextos sociais e institucionais em que ocorre.
Nossa pesquisa empírica baseou-se em estudo qualitativo, a partir de entrevistas individuais semi-estruturadas em profundidade com nove hepatologistas, sete que atuam na da rede
pública e privada e dois que atuam na rede privada, mas que tiveram experiência anterior de mais de vinte anos em hospitais de referencia em Hepatologia do SUS. O caráter crônico da hepatite C, as formas de tratamento, o monitoramento dos efeitos colaterais e dos riscos letais
que lhe são inerentes, formam circunstâncias que, tal como acontece com outras morbidades
crônicas, permitem aos doentes portadores do VHC um envolvimento emocional e cognitivo
prolongado com essa moléstia. Isso explica o aparecimento de grupos de apoio e redes sociais que se organizam em torno de pautas comuns aos enfermos, reivindicando a ampliação da assistência médica e dos recursos terapêuticos junto ao Estado.
No discurso dos hepatologistas sobre os principais problemas relacionados aos usos das informações em saúde na Internet, destacamos: a) o paciente não consegue filtrar as informações genéricas e tem dificuldade de entender que os dados encontrados podem não refletir sua situação de saúde; b) eles nem sempre conseguem reconhecer as fontes de informações confiáveis, distinguindo a boa informação da ruim e/ou sem veracidade, ou distorcida; c) o paciente nem sempre consegue entender o que leu, ou extrair da informação o
que lhe convém. Algumas vezes, valoriza os aspectos negativos da informação; d) O paciente nem sempre tem estrutura psicológica para lidar com o conteúdo a que teve acesso.
Abstract
This paper examines the medical perspective on the effects generated by the appropriation, by patients, of health information available on the Internet. Our analytical focus emphasizes its impact on doctor-patient relationship, understood as a therapeutic relationship. Thus, we chose as object of study the medical care to patients with hepatitis C. More specifically, the communicational aspect present in the interaction necessarily prolonged, between the hepatologist – the branch of medicine specialized on the liver study and treatment - and their patients with HCV, hepatitis C virus. We join the approaches on the care for chronically ill persons who have praised the patient role as an actor, both in the negotiated construction of the disease definition (diagnosis) and in the social organization of the treatment. This vision is more sensitive to the existence of different types of physicians and patients that establish different interactions and not a single model of relationship. Factors such as the physician's specialty, the socioeconomic status of the patient and their education, as well as the institutional status of the medical consultation - meaning if it occurs in a private practice, whether it is mediated by health insurance, or if it happens in the public health system, results in very different interactions. Therefore, the impact of the Internet, as a mediation instrument in the doctor-patient relationship, must be qualified in terms of each disease, medical treatments available and the social and institutional contexts in which it occurs. Our empirical research was based on qualitative study, from in-depth semi-structured individual interviews with nine hepatologists - seven of them working in the public and private sectors and the other two only in the private sector, but with previous experience of over twenty years in Hepatology reference hospitals in the Brazilian Health System (SUS – Portuguese acronym). The chronic nature of hepatitis C, the treatment forms, the monitoring of side effects and lethal risks related sets circumstances which, such as on other chronic morbidities, allow to HCV patients an extended emotional and cognitive involvement with this disease. This explains the emergence of support groups and social networks that are organized around common agendas for the sick, claiming the expansion of medical care and therapeutical resources within the State. The hepatologists discourse on the main issues related to the uses of health information in the Internet, include: a) the patient can not filter generic information and may not understand that the findings does not necessarily reflect their state of health, b) they can not always recognize the reliable sources of information, distinguishing good information from bad and / or no truthful, or distorted information; c) the patient can not always understand what was read or extract relevant information. Sometimes, the negative information is valued; d) the patient does not always have psychological profile to deal with the content accessed.
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