Avaliação da atividade anti-Toxoplasma gondii de produtos naturais extraídos de plantas oriundas do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, Rio de Janeiro - Brasil

Abstract

A toxoplasmose é uma doença infecciosa causada por Toxoplasma gondii, um protozoário intracelular obrigatório, capaz de infectar diversos hospedeiros, incluindo os seres humanos. O tratamento para esta parasitose consiste na utilização da combinação de sulfadiazina e pirimetamina que frequentemente causa efeitos adversos graves. Fitoterápicos e plantas medicinais têm sido amplamente utilizados como tratamento alternativo para várias doenças parasitárias. As pesquisas sobre novas substâncias eficazes e com toxicidade baixa ou ausente são urgentemente necessárias, a fim de diminuir os danos causados pelo tratamento convencional e melhorar o resultado do tratamento atual. A restinga de Jurubatiba apresenta uma rica variedade de plantas medicinais, conhecidas popularmente ou cientificamente estudadas, que já apresentaram atividade contra alguns parasitos. Neste sentido, o presente estudo tem como objetivo avaliar a atividade anti-Toxoplasma gondii dos produtos naturais de plantas oriundas do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba em ensaios in vitro, visando identificar futuros compostos terapêuticos para a toxoplasmose. Inicialmente, foi realizada uma triagem em 23 extratos brutos e frações das plantas Erythroxylum ovalifolium (Erythroxylaceae), Ocotea notata (Lauraceae), Myrsine parvifolia (Myrsinaceae), Eugenia sulcata, Eugenia pruniformis, Myrciaria floribunda, Neomitranthes obscura (Myrtaceae) e Manilkara subsericea (Sapotaceae) sobre a viabilidade de macrófagos e de taquizoítas extracelulares de T. gondii. Por meio dos resultados preliminares obtidos, selecionamos 12 extratos e frações de plantas para a elaboração da curva concentração resposta e cálculo do CC50 e IC50. Os seis extratos e frações de plantas que obtiveram os melhores índices de seletividade, além das substâncias isoladas (miricetina, quercetina e ácido ursólico) foram selecionados para avaliação da atividade contra taquizoítas anteriormente e posteriormente a infecção de macrófagos in vitro. O ensaio com o extrato bruto de M. subsericea apresentou efeito significativo na inibição do potencial de invasão (93,67%, 100% e 100%, p˂0,05) e da proliferação (98,34%, 100% e 100%, p˂0,05) de taquizoítas da cepa RH de T. gondii em macrófagos peritoneais de camundongos, nas concentrações de ½ IC50, IC50 e 2 IC50, respectivamente. As substâncias isoladas quercetina e ácido ursólico, presentes em abundância em M. subsericea, inibiram o potencial de invasão no tratamento com 1 mg/mL (91,7% e 89,34%, respectivamente) e o tratamento com 0,00001 mg/mL de ácido ursólico inibiu a proliferação parasitária (89%, p˂0,05)