Helmintos parasitos de roedores sigmodontíneos em uma área de agrofloresta no Município de Igrapiúna, BA: estrutura de comunidade e descrição de novas espécies

Abstract

Apesar dos parasitos serem considerados importantes componentes da biodiversidade global, pesquisas sobre taxonomia de helmintos e os fatores que influenciam sua diversidade de espécies ainda são escassas em algumas regiões do Brasil. Hospedeiros filogeneticamente ou taxonomicamente relacionados podem abrigar comunidades de parasitos semelhantes devido ao conservadorismo filogenético. Além disso, os atributos dos hospedeiros podem favorecer sua exposição aos parasitos. Este estudo teve como objetivo identificar e descrever a diversidade e a estrutura das comunidades de helmintos das espécies de roedores sigmodontíneos em uma área agroflorestal de Mata Atlântica no município de Igrapiúna, Bahia. Foi utilizada uma abordagem de taxonomia integrativa na qual os helmintos foram identificados por morfometria e morfologia utilizando-se técnicas de microscopia de luz e microscopia eletrônica de varredura (MEV). Foram analisadas amostras de 172 espécimes de roedores coletados. As espécies de roedores foram: Akodon cursor, Euryoryzomys russatus, Hylaeamys seuanezi, Nectomys squamipes, Oecomys catherinae, Oxymycterus dasytrichus, Rhipidomys mastacalis e Oligoryzomys nigripes. No total, foram recuperados 1.360 helmintos parasitos adultos. Foram identificadas 16 espécies de helmintos. Os nematódeos encontrados foram Syphacia carlitosi, Syphacia hugoti, Syphacia sp., Stilestrongylus eta, Stilestrongylus sp., Hassalstrongylus epsilon, Hassalstrongylus lauroi, Protospirura numidica criceticola, Nematomystes scapteromi e Physaloptera sp. Os cestódeos encontrados foram Raillietina sp. e Rodentolepis akodontis. As espécies de helmintos mais abundantes foram Raillietina sp. e Hassalstrongylus lauroi. Euryoryzomys russatus foi a espécie hospedeira mais infectada, pois 81% (35/43) dos animais estavam infectados por pelo menos uma espécie de helminto. A estrutura da metacomunidade de helmintos foi coerente tanto na escala de infracomunidades quanto na escala de comunidades componentes, indicando que as espécies responderam ao mesmo gradiente ambiental. Um padrão quase Clementsiano foi observado para as infracomunidades, indicando a ocorrência de compartimentos de espécies que se substituem ao longo do gradiente ambiental, formado por indivíduos hospedeiros. Um padrão quase Gleasoniano foi encontrado na escala de comunidades componentes, consistente com respostas idiossincráticas específicas de cada espécie em relação ao gradiente ambiental e aleatórias entre si. Esses padrões corroboraram os altos valores de diversidade beta observados, indicando alta substituição de espécies entre as comunidades em ambas as escalas. A distância taxonômica do hospedeiro foi a variável, mas importante para explicar os padrões da estrutura da metacomunidade dos helmintos