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DESIGUALDADES RACIAIS EM SAÚDE: UMA ANÁLISE INTERSECCIONAL DA MORTALIDADE MATERNA EM PERNAMBUCO
Silva, Talita Rodrigues da | Data do documento:
2022
Autor(es)
Orientador
Coorientador
Afiliação
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Aggeu Magalhães. Recife, PE, Brasil.
The Ubuntu Center on Racism, Global Movements and Population Health Equity, Drexel University, US.
Universidade Federal de Pernambuco. Recife, PE, Brasil.
The Ubuntu Center on Racism, Global Movements and Population Health Equity, Drexel University, US.
Universidade Federal de Pernambuco. Recife, PE, Brasil.
Resumo
A mortalidade materna é um importante indicador para analisar o nível de qualidade de vida de uma população, assim como a qualidade da atenção à saúde prestada às mulheres. A distribuição da mortalidade materna é desigual entre países, regiões e grupos sociais, tendo fortes determinações de raça e suas intersecções. Desta forma, buscou-se analisar as desigualdades raciais na mortalidade materna de mulheres negras e brancas em Pernambuco a partir de uma perspectiva interseccional. Para isso, foi realizado um estudo descritivo com o banco de dados disponibilizado pela Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, em que foram analisados os casos de mortes maternas de mulheres residentes no estado de Pernambuco, ocorridos entre 2016 e 2021. A análise considerou as variáveis sociodemográficas e obstétricas; os tipos de causa e grupos de causas do óbito; assim como as frequências relativas e absolutas; e as razões de mortalidade materna precoce e tardia por raça/cor. Os dados foram analisados utilizando o Software Stata Versão 14. Foram observados 502 óbitos maternos ocorridos no período, sendo 72,3% de mulheres pardas, 7,2% de mulheres pretas e 20,5% de mulheres brancas. Os óbitos se concentraram na faixa etária de 30 a 39 anos (43,8%) e entre mulheres sem companheiro (63,2%). As mulheres pretas apresentaram menores níveis de escolaridade, enquanto as brancas foram maioria entre aquelas com 12 anos ou mais de estudo. As causas diretas da morte materna representaram 65,5% do total de óbitos, tendo a hipertensão gestacional com proteinúria significativa como a principal causa de morte. Os óbitos maternos tardios representaram 18,2% do total de óbitos. As mulheres pretas apresentaram a maior razão de morte materna no período, com 90,5 óbitos por 100 mil nascidos vivos, enquanto as pardas apresentaram 62,1 e as brancas 68,5. Assim, o estudo mostra que a morte materna se constitui como um problema de saúde pública, aprofundado pelo racismo, em que mulheres com pouca escolaridade e sem companheiros apresentam uma maior vulnerabilidade. A predominância das causas diretas está relacionada a óbitos que poderiam ter sido evitados caso houvesse um investimento na melhoria da qualidade do sistema de saúde e das condições de vida das mulheres. As maiores Razões de Mortalidade Materna e risco para as pretas reafirmam que as desigualdades raciais em saúde são um componente importante da mortalidade materna e que o racismo age como um elemento definidor na morte de mulheres pretas. Foi possível perceber ainda que o racismo produz um gradiente de cor em prejuízo de pretas com relação às pardas e brancas no que se refere à atenção obstétrica. Diante desse contexto, algumas sugestões foram apresentadas para subsidiar o planejamento e as ações em saúde pública.
Resumo em Inglês
The study of maternal mortality is an important indicator to analyze the level of quality of life of a population, as well as the quality of health care provided to women. The distribution of maternal mortality is uneven across countries, regions and social groups, with strong determinations of race, class and territory. In this way, we sought to analyze racial inequalities in maternal mortality of black and white women in Pernambuco from an intersectional perspective. For this, a descriptive study was carried out with the database provided by the State Department of Health of Pernambuco, in which cases of maternal deaths of women residing in the State of Pernambuco, that occurred between 2016 and 2021, were analyzed. The analysis considered the sociodemographics and obstetrics variables; the types of causes and groups of causes of death; as well as the ratios of early and late mortality by race/color. Data were analyzed using the Stata Software Version 14. There were 502 maternal deaths that occurred in the period, 72,3% of brown women, 7,2% of black women and 20,5% of white women. Deaths were concentrated in the age group from 30 to 39 years (43.8%) and among women without a partner (63,2%). Black women had lower levels of education, while white women were the majority among those with 12 or more years of schooling. Direct causes of maternal death accounted for 65.5% of all deaths, with gestational hypertension with significant proteinuria as the main cause of maternal death. Late maternal deaths accounted for 18.2% of total deaths. Black women had the highest maternal death rate in the period, with 90.5 deaths per 100,000 live births, while brown women had 62.1 and white women 68.5. A risk value three times higher than that recommended by the United Nations (UN) Sustainable Development Goals for Brazil was found for black women. Thus, the study shows that maternal death constitutes a public health problem, deepened by racism, in which women with little education and without partners are more vulnerable. The predominance of direct causes is related to deaths that could have been avoided if there had been an investment in improving the quality of the health system and the living conditions of women. The higher maternal mortality ratio and risk for black women reaffirm that racial inequalities in health are an important component of maternal mortality and that racism acts as a defining element in the death of black women. It was also possible to perceive that racism produces a color gradient to the detriment of black women in relation to browns and whites in terms of obstetric care. Given this context, some suggestions were presented to support planning and actions in public health.
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