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ThesisCopyright
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Sustainable Development Goals
01 Erradicação da pobrezaCollections
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SAÚDE NO TRIBUNAL: A SEMÂNTICA DAS EMOÇÕES NA JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO BRASIL
Direito à Saúde
Vulnerabilidade em Saúde
Política Nacional de Assistência Farmacêutica
Meirelles, Rejane da Conceição | Date Issued:
2022
Advisor
Comittee Member
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
A reivindicação do direito à saúde na esfera do Poder Judiciário passou a ser entendida como judicialização da saúde. Entretanto, como um conceito em disputa, a judicialização pode ser compreendida como o aumento da ingerência do Poder Judiciário nas decisões que implicam valores éticos, morais, políticos e sociais. Em se tratando de judicialização da saúde, o idioma do sofrimento é muitas vezes acionado pelo demandante para ordenar a vida como o valor principal do direito à saúde. Por outro lado, a arbitragem estabelecida na cena jurídica à qual se atribui uma racionalidade alicerçada na materialidade da lei, não está isenta de afetos, pois as decisões que impactam a vida dos litigantes são tomadas por pessoas constituídas por estruturas socioafetivas. Esta tese explora o sentido produtivo das emoções no espaço do judiciário. Desse modo, analisa-se a judicialização da saúde como um fenômeno social emaranhado numa teia de relações, afetos e práticas discursivas que abarcam formas particulares de disputas narrativas sobre o direito à saúde. A investigação buscou compreender como os discursos relacionados com emoção, sofrimento, saúde, vida, direito à saúde, vulnerabilidades foram produzidos e manejados nos documentos jurídico-processuais, chamados de acórdãos. A etnografia dos documentos possibilitou identificar que, embora os acórdãos estejam embasados em normativas, existe uma micropolítica das interações entre os demandantes que estão sendo documentados e os julgadores de suas causas. Essa micropolítica é caracterizada por um campo de forças invisível onde se negociam perspectivas sobre as subjetividades humanas permeadas por afetos, saberes e valores. Assim, ainda que a linguagem do Direito esteja presente na decisão judicial, a estrutura de endereçamento na qual magistrados são instados a resolver demandas está suportada por uma espécie de economia moral. A pesquisa explicita que o sujeito de direito é construído discursivamente no documento. Moralidades diversas contribuem para a garantia de atendimento de uma demanda por bem de saúde no judiciário. Essas moralidades acabam por fundamentar o “sujeito merecedor do direito” formatado por marcadores sociais da diferença, pela ideia de vulnerabilidade e pelo sofrimento. De tal modo, os dados coletados dos acórdãos permitiram a compreensão da judicialização da saúde através de suas lógicas internas. Identificou-se que que a tensão direito individual vs. direito coletivo que marca sobremaneira os discursos sobre o direito à saúde está perpassada pela disjunção emoção vs. razão. A legitimidade do direito à saúde está inextrincavelmente ligada ao direito à vida. As desigualdades sociais deslizam para desigualdades contextuais, de modo que um sistema moral contribui para definir o cidadão brasileiro em sua relação com o direito à saúde
Abstract
The claim for the right to health in the sphere of the Judiciary came to be understood as the judicialization of health. However, as a concept in dispute, judicialization can be understood as the increase in the interference of the Judiciary in decisions that imply ethical, moral, political and social values. When it comes to the judicialization of health, the language of suffering is often used by the claimant to order life as the main value of the right to health. On the other hand, the arbitration established in the legal scene, in which a rationality grounded in the materiality of the law is attributed, is not exempt from affection, since the decisions that impact the litigants' lives are taken by people constituted by socio-affective structures. This thesis explores the productive sense of emotions in the area of the judiciary system. In this way, the judicialization of health is analysed as a social phenomenon entangled in a web of relationships, affections and discursive practices that involve particular forms of narrative disputes about the right to health. The study sought to understand how discourses related to emotion, suffering, health, life, right to health, vulnerabilities were produced and handled in legal-procedural documents, called decisions. The ethnography of the documents made it possible to identify that, although the decisions are based on regulations, there is a micropolitics of the interactions between the plaintiffs who are being documented and the judges of their causes. This micropolitics is characterized by an invisible force field where perspectives on human subjectivities permeated by affections, knowledge and values are negotiated. Thus, although the language of law is present in the judicial decision, the addressing structure in which magistrates are urged to resolve demands is supported by a kind of moral economy. The research explains that the subject of law is discursively constructed in the document. Diverse moralities contribute to ensuring that a demand for health care in the judiciary is met. These moralities end up supporting the “subject deserving of the right” formatted by social markers of difference, by the idea of vulnerability and suffering. In such a way, the data collected from the judgments allowed the understanding of the judicialization of health through its internal logics. It was identified that the individual right tension vs. collective right that strongly marks the discourses on the right to health is permeated by the disjunction emotion vs. reason. The legitimacy of the right to health is inextricably linked to the right to life. Social inequalities slide into contextual inequalities, so that a moral system contributes to defining the Brazilian citizen in relation to the right to health
DeCS
Judicialização da SaúdeDireito à Saúde
Vulnerabilidade em Saúde
Política Nacional de Assistência Farmacêutica
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