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Tipo de documento
TeseDireito Autoral
Acesso aberto
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
04 Educação de qualidade08 Trabalho decente e crescimento econômico
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A “GRANDE FAMÍLIA” DO INSTITUTO OSWALDO CRUZ: A CONTRIBUIÇÃO DOS TRABALHADORES AUXILIARES DOS CIENTISTAS NO INÍCIO DO SÉCULO XX
Trabalhadores Subalternos
Instituto Oswaldo Cruz
Primeira República
Reis, Renata | Data do documento:
2018
Autor(es)
Orientador
Membros da banca
Afiliação
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Resumo
No Brasil da Primeira República, o legado do longo período de escravidão, aliado aos
interesses de manutenção da propriedade privada, dos privilégios das elites agrárias, e, por
outro lado, as lutas e resistências das classes subalternas, resultaram na conformação de um
processo social que combinou a construção de uma nova ideologia do trabalho, como
sinônimo de progresso e dignidade, e a repressão à ociosidade das chamadas classes
perigosas. Neste processo, a incorporação de outras formas ideológicas de manutenção e
expropriação da força de trabalho envolveu relações sociais que se assemelhavam a vínculos
paternais e envolviam a cordialidade e o favor como mediações principais. No Instituto
Oswaldo Cruz, enquanto uma instituição situada neste tempo histórico, os afetos operaram
como recursos que buscaram amenizar a exploração do trabalho e os possíveis conflitos
emergentes da desigualdade, gerados principalmente, por mecanismos de poder, autoritarismo
e distinção de classe que se manifestavam na totalidade da construção do trabalho livre e na
particularidade do cotidiano do trabalho em Manguinhos. Ao observamos as trajetórias
profissionais dos trabalhadores subalternos do Instituto Oswaldo Cruz, a primeira questão que
se destaca é a presença de ligações de cunho pessoal que atravessaram as relações de trabalho
na instituição. Estas podiam ser de parentesco, amizade ou algum outro tipo de vínculo, tanto
com pesquisadores do Instituto como com outros funcionários. A pessoalidade esteve presente
desde o recrutamento, passando pela formação profissional, ascensão funcional, incluindo
aspectos como a residência e alimentação no próprio local de trabalho. Agindo como sujeitos
de suas próprias histórias, os trabalhadores subalternos souberam transitar pelos meandros de
uma hegemonia cultural da instituição, que tentava impor um modo de vida onde o cientista
era incontestavelmente soberano, atuando de forma a reverter os mesmos mecanismos de
manutenção da hegemonia dominante em favor de seus próprios interesses. A moradia no
Instituto, ao mesmo tempo em que os submetia a um regime de trabalho quase que
ininterrupto, favoreceu relações de solidariedade e ajuda mútua entre os companheiros de
trabalho, como a organização de práticas associativas que pressupunham a institucionalização
de sociabilidades de diferentes ordens, de esporte, lazer e religiosidade.
Resumo em Inglês
In Brazil of the First Republic, the legacy of the long period of slavery, together with the
interests of the maintenance of private property, the privileges of the agrarian elites, and, on
the other hand, the struggles and resistance of the subaltern classes, resulted in the formation
of a social process which combined the construction of a new ideology of work, as
synonymous with progress and dignity, and the repression of the idleness of the so-called
dangerous classes. In this process, the incorporation of other ideological forms of
maintenance and expropriation of the labor force involved social relations that resembled
paternal bonds and involved cordiality and favor as main mediations. In the Oswaldo Cruz
Institute, as an institution located in this historical time, the affections operated as resources
that sought to soften the exploitation of labor and the possible emerging conflicts of
inequality, generated mainly by mechanisms of power, authoritarianism and class distinction
that manifested in the totality of the construction of free labor and the particularity of the daily
work in Manguinhos. When we observe the professional trajectories of the subordinate
workers of the Oswaldo Cruz Institute, the first question that stands out is the presence of
personal connections that have crossed the work relations in the institution. These could be of
kinship, friendship or some other kind of bond, both with researchers from the Institute and
with other employees. Personality has been present since the recruitment, through
professional training, functional ascension, including aspects such as residence and food in
the workplace. Acting as subjects of their own histories, subordinate workers were able to
navigate the meanderings of a cultural hegemony of the institution, which tried to impose a
way of life where the scientist was undeniably sovereign, acting in a way to reverse the same
mechanisms of maintenance of the dominant hegemony in for their own interests. Housing in
the Institute, while at the same time subjecting them to an almost uninterrupted labor regime,
favored relations of solidarity and mutual aid among the workmates, such as the organization
of associative practices that presupposed the institutionalization of sociabilities of different
orders, sports, leisure and religiosity.
Palavras-chave
Trabalho-EducaçãoTrabalhadores Subalternos
Instituto Oswaldo Cruz
Primeira República
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