Disputas, contradições e desafios para a construção de um projeto de educação permanente no Hospital Federal de Bonsucesso comprometido com a transformação do trabalho

Abstract

Esta dissertação, desenvolvida no âmbito da Pós-Graduação em Educação Profissional em Saúde da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio / FIOCRUZ, teve como objetivo geral analisar as ações de educação desenvolvidas no Hospital Federal de Bonsucesso para os seus trabalhadores, buscando compreendê-las à luz da visão histórico crítica da educação permanente em saúde. Nesse sentido, buscou-se captar as disputas de concepções e práticas, contradições e desafios enfrentados na instituição para a construção de um projeto de educação permanente comprometido com a transformação do trabalho. Para tanto, foi realizado um estudo de caso, de abordagem qualitativa. Os dados empíricos foram coletados no Hospital Federal de Bonsucesso por meio de entrevistas semi-estruturadas com servidores públicos concursados, lotados há pelo menos um ano em um dos serviços responsáveis por desenvolver ações de educação para os trabalhadores de saúde da instituição. Além das entrevistas, foi utilizada também a observação de campo, visto que a pesquisadora trabalha no local estudado. No total foram entrevistados 9 trabalhadores. A subdivisão dos entrevistados foi feita da seguinte forma: 2 integrantes do Serviço de Educação Continuada em Enfermagem, 3 do Centro de Estudos Aperfeiçoamento e Pesquisa, 2 da Coordenação de Gestão de Pessoas, 1 da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar e 1 do Núcleo de Qualidade e Segurança do Paciente. A análise dos dados mostrou que as dificuldades vivenciadas no HFB são muitas e estão relacionadas, em sua maioria, à precarização do trabalho em saúde no contexto do neoliberalismo. Desse modo, as penosidades do trabalho e a desvalorização profissional provocam extrema desmotivação entre os trabalhadores, o que leva a uma baixa adesão destes às ações educativas propostas na instituição. Diante desse contexto, defende-se que tais ações estejam ancoradas nas propostas de educação permanente em saúde de modo que façam sentido para os trabalhadores e que propiciem diálogos críticos sobre os processos de trabalho e as suas necessidades de mudança. Acredita-se que o caminho para a mudança seja por meio da construção de um projeto de educação permanente no HFB comprometido com a transformação do trabalho que, para além da questão meramente técnica, possibilite reflexões sobre as determinações históricas, econômicas, culturais e ideológicas que envolvem o trabalho no SUS, a fim de conscientizar os trabalhadores para a importância da luta coletiva por melhores condições de trabalho e também de vida.