Distribuição da incidência da doença aguda pelo vírus Zika e da cobertura vacinal contra a febre amarela no estado da Bahia, 2015 - 2017: uma análise espacial

Abstract

O vírus Zika (ZIKV) pertence ao gênero Flavivírus, da família Flaviviridae, sendo filogeneticamente relacionado ao vírus da febre amarela. A presente pesquisa objetivou identificar e comparar a distribuição espacial da incidência de ZIKV no período de 2015 a 2017 em relação à cobertura vacinal contra a febre amarela (FA) no período de 2008 a 2017, no estado da Bahia. Foram utilizados dados secundários. A análise estatística foi dividida em duas etapas (1) a análise exploratória clássica e (2) análise exploratória espacial. Essas etapas consideraram fatores socioeconômicos, o Índice de Infestação Predial do LIRAa (2017), a cobertura vacinal contra a febre amarela (2008-2017), número e taxas de incidências dos casos confirmados pelos critérios laboratorial e clínico epidemiológico, tanto da doença aguda pelo ZIKV como da dengue. O índice de Moran I das incidências (por 100 mil habitantes) dos casos confirmados por critérios clínico-epidemiológico ou laboratorial da doença aguda pelo ZIKV foi igual a 0,05. Posteriormente, foram produzidos os modelos com as incidências (por 100 mil habitantes) dos casos confirmados da doença aguda pelo ZIKV por somente por critério laboratorial e também com as incidências (por 100 mil habitantes) dos casos confirmados da doença aguda pelo ZIKV pelos critérios laboratorial e clínico epidemiológico. No modelo multivariado com regressão de Poisson inflacionada de zero teve razão de taxa de incidência entre a cobertura vacinal contra a febre amarela e as incidências de casos confirmados pelos critérios laboratorial e clínico epidemiológico igual a 0,86 (IC95%: 0,86 - 0,87) e razão de chance igual a 0,94 (IC95%: 0,91 - 0,97). No modelo de regressão de Poisson inflacionada de zero geograficamente ponderada a cobertura vacinal contra a febre amarela teve associação negativa em relação às taxas de incidência da doença aguda pelo ZIKV. A associação negativa entre cobertura vacinal contra a febre e as incidências dos casos confirmados por critérios clínico epidemiológico e laboratorial em todos os municípios da Bahia, com dados agregados, permite afirmar que municípios com maiores coberturas tiveram menores incidências (por 100 mil habitantes) dos casos confirmados da doença aguda pelo ZIKV. Entretanto, existe a necessidade de mais estudos epidemiológicos sobre a doença aguda pela ZIKV e a melhoria no processo da vigilância para confirmação dos casos notificados.