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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/50562
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CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DE CRIANÇAS NORMOCEFÁLICAS EXPOSTAS AO VÍRUS ZIKA NO PERÍODO GESTACIONAL
Oliveira, Juliana Menezes Gomes Cabral de | Data do documento:
2020
Coorientador
Membros da banca
Afiliação
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Gonçalo Moniz. Salvador, BA, Brasil.
Resumo
INTRODUÇÃO: A epidemia do vírus Zika (ZIKV) no Brasil em 2015, associada posteriormente com a epidemia de microcefalia mobilizou a comunidade científica para a investigação desses achados. Houve um aumento súbito, segundo dados epidemiológicos do Ministério da Saúde, no número de casos de infecção e de microcefalia. A literatura atual aponta uma relação fortemente positiva entre o ZIKV e a epidemia de microcefalia no Brasil. Até o presente momento a maioria dos estudos apontam para o achado clínico que configura um dos aspectos mais graves da infecção por ZIKV intrauterina, a microcefalia. No entanto, diante da possibilidade de que a infecção congênita por ZIKV tenha um espectro clínico mais amplo do que o já descrito, faz-se necessário investigar outras anomalias além da microcefalia. A importância de traçar uma história natural da doença vem no sentido de delinear as pesquisas neste aspecto, além disso promover um auxilio no cuidado e atendimento dessas crianças de maneira que, melhor compreendidos, serão melhor assistidos. OBJETIVOS: Descrever manifestações clínicas em crianças ao longo dos 2 primeiros anos de vida que foram expostas ao ZIKV no período gestacional, sem anomalias detectadas ao nascimento. MATERIAL E MÉTODOS: No artigo 1 foi realizado um estudo prospectivo a partir de uma amostra de crianças normocefálicas, sem alterações clínicas no nascimento, expostas ao ZIKV no período gestacional e que foram avaliadas clinicamente ao longo dos seus primeiros 2 anos de vida. As crianças foram avaliadas por pediatra e por uma equipe multiprofissional. Foi realizada avaliação do neurodesenvolvimento por neuropediatra; fundoscopia por oftalmopediatra; avaliação auditiva por otorrinolaringologista e fonoaudiólogo e avaliação com odontopediatra. No artigo 2 foi feito um relato de caso de infecção congênita por Zika em gêmeos. RESULTADOS: No artigo 1 todas as crianças foram avaliadas por pediatra, a media de idade foi 1,66 + 0,31 anos. Vinte (71.4%) crianças foram atendidas por neuropediatra e todas apresentaram um desenvolvimento neuropsicomotor adequado. Vinte e três (82.1%) crianças foram submetidas a fundoscopia e nenhuma alteração foi encontrada. Otorrinolaringologista e dentistas examinaram 19 (67.9%) crianças e nenhum problema foi identificado. Foi realizado também o exame de EOA e PEATE em 16 (57.1%) e nenhuma alteração foi encontrada. No Artigo 2 foi relatado 1 caso de gêmeos dizigóticos discordantes com descrição de achados clínicos, neurorradiológicos e sorológicos. CONCLUSÃO: Nossos achados reforçam que a microcefalia não é a situação clínica patognomónica da infecção pelo ZIKV e que podem existir diversas formas clínicas diferentes do que sabemos até o presente momento, sendo relevante a existência de estudos para melhor caracterizá-la e transmitir conhecimentos que são de suma importância para a prática clínica, sendo necessários estudos maiores pra descrever complemente o real espectro clínico dos achados associados à CZI.
Resumo em Inglês
INTRODUCTION: The outbreak of the Zika virus (ZIKV) in Brazil in 2015, later associated with the microcephaly epidemic, mobilized the scientific community to investigate these findings. There was a sudden increase, according to epidemiological data from the Ministry of Health, in the number of cases of ZIKV infection and microcephaly. The current literature points to a strongly positive relationship between ZIKV and the microcephaly epidemic in Brazil. To date, most studies point to the clinical criterion that is one of the most serious aspects of intrauterine ZIKV infection: microcephaly. However, given the possibility that congenital ZIKV infection has a broader clinical spectrum than described above, it is necessary to investigate other anomalies besides microcephaly. The importance of tracing a natural history of the disease is to delineate research in this aspect, besides promoting an aid in the care of these children so that, better understood, they will be better assisted. OBJECTIVES: To describe clinical manifestations in children during the first 2 years of life who were exposed to ZIKV during pregnancy without any abnormalities detected at birth. MATERIAL AND METHODS: In article 1, a prospective study was conducted from a sample of normocephalic children, without clinical alterations at birth, exposed to ZIKV during pregnancy and clinically evaluated during their first 2 years of life. The children were evaluated by a pediatrician and a multidisciplinary team. Neurodevelopmental assessment was performed by a neuropediatrician; Fundoscopy was performed by a pediatric ophthalmologist; hearing evaluation by otolaryngologist and speech therapist and evaluation with pediatric dentist. In Article 2, a case report of congentintal Zika infection in twins was written. RESULTS: In article 1, all children were evaluated by a pediatrician, the median age was 1.66 + 0.31 years. Twenty (71.4%) children were attended by a neuropediatrician and all had adequate neuropsychomotor development. Twenty-three (82.1%) children underwent fundus and no changes were found. Otorhinolaryngologists and dentists examined 19 (67.9%) children and no problems were identified. The OAE and BAEP tests were also performed in 16 (57.1%) and no changes were found. In Article 2, we report a case of discordant dizygotic twins describing clinical, neuroradiological and serological findings. Conclusions: Our findings reinforce that microcephaly is not a pathognomonic clinical situation of ZIKV infection and that there may be several different clinical forms than we know to date, being necessary larger scale studies to fully describe the real clinical spectrum of findings associated with CZI.
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