Avaliação da exposição de puérperas a éteres difenílicos polibromados no município do Rio de Janeiro: uma contribuição ao Projeto PIPA

Abstract

Os éteres difenílicos polibromados (PBDEs) são utilizados como aditivos retardantes de chamas, principalmente nas indústrias eletroeletrônicas, em materiais de construção (mobílias) e na indústria têxtil (roupas e carpetes). Considerados emergentes, são substâncias potencialmente tóxicas e os efeitos na saúde e no ambiente ainda não são totalmente conhecidos. São lipossolúveis e resistentes à degradação, acumulam-se na cadeia trófica, interferindo no sistema endócrino e no sistema imunológico, além do metabolismo e transporte dos hormônios da tireóide devido a sua semelhança com eles. Alguns componentes da família dos PBDEs foram classificados como provavelmente cancerígenos (grupo 2 A) segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer. A Convenção de Estocolmo listou o éter pentabromodifenílico e o éter octabromodifenílico como poluentes orgânicos persistentes (POPs). Esse trabalho tem como objetivo avaliar as concentrações basais dos PBDEs em amostras de plasma das genitoras em um estudo de seguimento de bebês nascidos em uma área programática do município do Rio de Janeiro. As amostras das mães foram coletadas na maternidade escola da UFRJ pela equipe do Projeto PIPA (Programa Infantil e Poluentes Ambientais) no período de outubro de 2017 a março de 2018, no momento da consulta pré-natal e foram transportadas até o laboratório e condicionadas em freezer até o momento da análise. O método analítico utilizado consistiu na extração dos analitos BDE 47, BDE 99, BDE 100, por extração em fase sólida em coluna de C18 e detecção e quantificação por cromatografia em fase gasosa acoplada à espectrometria de massas sequencial com triplo quadrupolo. A faixa de trabalho do método otimizado na matriz plasma foi determinada entre 0,2 a 6,0 ng mL-1 . Os limites de detecção e quantificação foram 0,097 e 0,295 ng mL-1 para o PBDE 47; 0,157 e 0,475 ng mL-1 para o PBDE 99; 0,180 e 0,545 ng mL-1 para o PBDE 100. A recuperação dos compostos foi verificada nas concentrações de 0,2; 1,0; 6,0 ng mL-1 . Os resultados obtidos variaram de 56 a 97% para o PBDE 47, 76 a 103% para o PBDE 99 e de 60 a 113% para o PBDE 100, indicando que o método apresentou boa exatidão para utilização em plasma humano. As concentrações encontradas em apenas 9 amostras, representando 7,5 % do total de 120 amostras analisadas, foram 0,15 ng mL-1 para o PBDE 47 e 0,23 ng mL-1 para o PBDE 99 no plasma das gestantes, estando estes valores entre os limites de detecção e de quantificação. Estes valores observados mostram baixa exposição das mães avaliadas e estão compatíveis com os valores descritos em população ambientalmente exposta a esta classe de contaminantes químicos, no mundo.