Uso da acetilcolinesterase e metalotioneína em peixes na avaliação do efeito da contaminação na Baía de Guanabara

Abstract

A Baia de Guanabara – BG – é um dos mais importantes sistemas estuarinos do Brasil, com uma grave condição de degradação ambiental. A BG apresenta uma complexa situação de poluição por diversas substâncias entre as quais se destacam os metais e os inseticidas. A simples medida destes poluentes não mostra o efeito real que estes exercem sobre a biota. Os biomarcadores são capazes de mostrar a presença de poluentes e/ou a magnitude da resposta do organismo exposto, por isso foram utilizados dois biomarcadores específicos neste estudo. A Metalotioneína – MT como biomarcador da exposição a metais, e a acetilcolinesterase – AChE - como biomarcador de exposição a organofosforados e carbamatos. Também foram utilizados índices brutos como ferramentas complementares dos efeitos da contaminação, o fator de condição - FC – que fornece informações sobre a condição geral de saúde do organismo e o índice somático do fígado – ISF - que fornece informação sobre possíveis desordens no fígado. O objetivo deste trabalho é avaliar o efeito da contaminação na BG utilizando MT e AChE como biomarcadores específicos e FC e ISF como índices brutos. Também foram analisadas a relação dos parâmetros biológicos - sexo e maturidade sexual - das espécies em estudo com os biomarcadores e índices brutos para verificar se há influência desses parâmetros. Tanto Chilomycterus spinosus – baiacu-de-espinho quanto a Micropogonias furnieri - corvina foram escolhidas pela sua significância ecológica e comercial respectivamente, sendo ambas coletadas na BG e na Praia de Itaipu – PI, que foi selecionada como região controle. A quantificação dos níveis MT se deu por Polarografia de Pulso Diferencial. E a analise da atividade da AChE foi por espectrofotometria, por meio da reação de Ellman. Os resultados mostram que o sexo e a maturação sexual de ambas as espécies não influencia significativamente nos valores dos biomarcadores específicos e nos índices brutos, e desta maneira os sexos puderam ser agrupados. O FC apresentou valores significativamente maiores na região controle para as duas espécies, o que indica que os peixes dessa região apresentaram melhores condições gerais de saúde que dos da BG, mostrando-se como um bom índice bruto de avaliação dos efeitos contaminação. Isso difere do ISF que não se mostrou uma boa ferramenta de avaliação, pois os valores encontrados, em contra do esperado, nas duas espécies, foram maiores na região controle que na BG. Já nas análises dos biomarcadores específicos, os níveis de MT de ambas as espécies foram significativamente maiores na BG que na região controle, mostrando uma indução nos níveis desta proteína ocasionado pelo efeito que a contaminação por metais vem causando na biota da BG. A AChE possui uma atividade significativamente menor nas duas espécies coletadas na região da BG. Isso mostra uma inibição por agentes anticolinesterásicos (organofosforados e carbamatos ) na biota marinha desta região. Este trabalho mostrou que o uso dos biomarcadores específicos - Mt e Ache - e do FC nas duas espécies de peixes permitiu avaliar os efeitos diferenciados de uma situação complexa de poluição na BG.