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VITIMIZAÇÃO POLICIAL: MORBIDADE POR ARMA DE FOGO DE POLICIAIS MILITARES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Morbidade
Ferimento por Arma de Fogo
Face
Violência
Vitimização Policial
Morbidity
Gunshot Wounds
Face
Violence
Police Victimization
Maia, Adriane Batista Pires | Data do documento:
2018
Título alternativo
Police victimization: firearm morbidity of military police in the state of Rio de JaneiroAutor(es)
Orientador
Coorientador
Afiliação
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Resumo
Essa dissertação buscou identificar o perfil dos policiais militares do estado do Rio de
Janeiro acometidos por ferimentos por arma de fogo, com destaque para os operados
em decorrência desse tipo de ferimento em face. Problematizou-se como a
naturalização da violência contra o corpo do policial é invisibilizada em virtude da falta
de informação em saúde dessa classe de trabalhadores e discutiu-se os impactos e
desdobramentos dos ferimentos em face entre os policiais vitimados, considerando a
face um elemento indicador no desenvolvimento do individualismo. A pesquisa foi
realizada a partir de estudo epidemiológico com dados secundários provenientes de
policiais militares da ativa que sofreram morbidades por arma de fogo e foram
atendidos no Hospital Central da Polícia Militar (HCPM) nos setores de Pronto
Atendimento (SPA) e Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (CTBMF). Os
resultados são apresentados em três artigos: (1) “Profissionais de segurança pública
e militares das forças armadas vitimados por ferimentos de arma de fogo: Revisão
Sistemática Integrativa” apresenta levantamento bibliográfico sobre a ocorrência de
ferimentos de arma de fogo entre profissionais de segurança pública e militares das
forças armadas, por meio de revisão sistemática realizada em periódicos nacionais e
internacionais a partir de artigos indexados em bases da saúde, apontando que os
ferimentos por arma de fogo constituem mundialmente o principal mecanismo de
ferimento em serviço entre os policiais e que há uma lacuna quanto a estudos que
discutam as repercussões físicas destes ferimentos para o exercício profissional. (2)
“Ferimentos não fatais por arma de fogo entre policiais militares do Rio de Janeiro: a
saúde como campo de emergência contra a naturalização da violência” realizou um
estudo epidemiológico a partir de dados secundários referentes aos policiais militares
da ativa atendidos no SPA do HCPM em decorrência de ferimentos por arma de fogo
em qualquer parte do corpo, no período de junho de 2015 a dezembro de 2017. Os
resultados apontam para 475 policiais militares ativos atendidos em decorrência de
ferimentos por armas de fogo, sendo 98,3% do sexo masculino, 77,3% em serviço no
momento da ocorrência e 97,9% praças (em especial soldados), principalmente
lotados em batalhões de Unidade de Polícia Pacificadora e do Batalhão de Operações
Especiais. Quanto à localização anatômica dos ferimentos, as regiões mais
acometidas foram membros inferiores (41,1%) e superiores (33,1%), região da
cabeça-pescoço-face (23,5%) e tórax-abdome (17,3%). As áreas na região
metropolitana do Rio de Janeiro onde foram encontradas as maiores ocorrências de
morbidade por arma de fogo foram as Áreas de Planejamento 3 e 1 e a Baixada
Fluminense. (3) “A violência marcada na face: ferimentos por arma de fogo entre
policiais militares no Rio de Janeiro” é fruto do mesmo estudo epidemiológico
retrospectivo, analisando dados secundários referentes aos policiais militares que
foram operados pelo serviço de CTBMF do HCPM em decorrência de ferimentos por
arma de fogo em face no período de junho de 2003 a dezembro de 2017. Realizou-se
um levantamento desse tipo de morbidade entre os policiais militares, evidenciando
um perfil constituído por pacientes do sexo masculino, com idade média de 34,7 anos.
Quanto ao perfil profissional, este foi constituído predominantemente por praças
(97,3%), em especial soldados. A perda de segmentos ósseo maxilofaciais foi a
sequela mais encontrada. O comprometimento estético facial e os relatos de insônia
foram as repercussões tardias de impacto na saúde e no convívio social mais
encontradas. Sobre as repercussões laborais do ferimento sofrido, o tempo médio de
afastamento por licença de saúde para tratamento dos ferimentos maxilofaciais foi de
11,7 meses. Considerações finais/proposições: vimos que o perfil do policial militar
vitimado por arma de fogo no Rio de Janeiro, constituiu-se predominantemente de
homens, em especial soldados, que sofreram esses ferimentos por arma de fogo em
serviço, especialmente durante ações de incursão policial com troca de tiros. As
regiões anatômicas mais acometidas foram os membros superiores e inferiores e a
região da cabeça/pescoço/face. Os locais com maior taxa de morbidade por arma de
fogo entre policiais militares foram São João de Meriti e a região AP 3 do município
do Rio de Janeiro. Constatamos uma correlação entre as taxas de morbidade policial
por arma de fogo e a densidade demográfica nos municípios da região metropolitana
(exceto a capital). Sobre as medidas de redução da vitimização por arma de fogo entre
os policiais militares no RJ, recomendamos a reformulação das políticas de confronto
armado, a utilização de equipamentos de proteção balística e a visibilização dos dados
sobre as morbidades entre essa classe de trabalhadores.
Resumo em Inglês
This dissertation sought to identify the profile of military policemen of the state of Rio
de Janeiro affected by gunshot wounds, especially those who underwent surgery as a
result of this type of injury in the face. It questions how the naturalization of violence
against the body of police officers was made invisible due to the lack of health
information on this class of workers. The impacts and unfolding of the injuries against
the police officers were discussed considering the face a central element in the
development of individualism. The research was carried out based on an
epidemiological study with secondary data from active duty military police officers who
suffered from firearm morbidities and were treated at the Central Military Police
Hospital (HCPM) in the Emergency (SPA) and Oral and Maxillofacial Surgery (CTBMF)
departments. The results are presented in three articles: (1) "Public security
professionals and military personnel injured by gunshot wounds: Integrative systematic
review" presents a bibliographic research on the occurrence of firearm injuries among
public safety professionals and military personnel, through a systematic review carried
out considering papers from national and international journals indexed in health
databases. This work points out that gunshot wounds constitute the main mechanism
of injury in service among policemen worldwide and that there is a gap of studies
discussing the physical repercussions of these injuries for the professional exercise.
(2) "Non-fatal firearms injuries among military police officers in Rio de Janeiro: health
as an emergency field against the naturalization of violence" carried out an
epidemiological study based on secondary data referring to active duty military police
officers who received treatment in the HCPM Emergency as a result of gunshot
wounds in any part of the body, from June 2015 to December 2017. The results
indicate that 475 active military police officers were treated as a result of gunshot
wounds, 98.3% of which male, 77.3% in service at the time of the occurrence and
97.9% enlisted officers (especially privates), most working in battalions of the
Peacekeeping Police Unit and in the Special Operations Unit. Regarding the
anatomical location of the wounds, the most affected regions were lower (41.1%) and
superior (33.1%) limbs, the head-neck-face region (23.5%) and chest-abdomen
(17.3%). The areas in the metropolitan area of Rio de Janeiro where the highest
occurrences of firearm morbidity were found in Planning Areas (AP) 3 and 1 and in the
Baixada Fluminense. (3) "Violence marked on the face: gunshot wounds among
military police officers in Rio de Janeiro" is the result of the same retrospective
epidemiological study, analyzing secondary data referring to military police officers
who were underwent surgery at the HCPM/CTBMF due to gunshot injuries in the period
from June 2003 to December of 2017. A survey of this type of morbidity was carried
out among the military police, evidencing a profile composed of male patients, with a
mean age of 34.7 years. As for their professional profile, this was constituted
predominantly by enlisted officers (97.3%), especially privates. The loss of
maxillofacial bone segments was the most frequent sequel. The facial aesthetic
impairment and reports of insomnia were the most late repercussions of impact on
health and social interaction. Regarding the labor repercussions of the injury suffered,
the mean time of health live of absence to treat maxillofacial injuries was 11.7 months.
Final considerations/propositions: We have seen that the profile of the military police
officer victimized by firearms in Rio de Janeiro consisted predominantly of men,
soldiers, who suffered these injuries by firearm in service, especially during actions of
police incursion with exchange of shots. The most affected anatomical regions were
the upper and lower limbs and the head/neck/face region. The sites with the highest
rates of firearm morbidity among military police officers were São João de Meriti and
the AP region 3 of RJ. We found a correlation between firearm morbidity rates and
demographic density in the municipalities of the metropolitan region (except the
capital). Regarding the measures to reduce firearm victimization among the military
police in RJ, we recommend the reformulation of policies of armed confrontation
politics, the use of ballistic protection equipment and the visualization of data on
morbidities among this class of workers.
Palavras-chave
Polícia MilitarMorbidade
Ferimento por Arma de Fogo
Face
Violência
Vitimização Policial
Palavras-chave em inglês
Military PoliceMorbidity
Gunshot Wounds
Face
Violence
Police Victimization
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