A reunião de equipe como propulsora de processos comunicacionais na Estratégia de Saúde da Família-ESF

Abstract

A reunião é o encontro das equipes de saúde da família para avaliação dos processos de trabalho. Pressupõe uma comunicação dialógica, de opiniões, planos de atendimentos coletivos, garantia de direitos, participação social, disputa de sentidos e mediações, reconhecida como a dimensão medular e imprescindível para pensar as diretrizes do SUS e suas articulações com o serviço, academia e sociedade. Estabelecer relações entre reunião de equipe e comunicação para além da dimensão instrumental supostamente neutro no campo da saúde. Demonstrar a reunião de equipe como espaço potente para desencadear estratégias e práticas de comunicação nas UBS. Estudo descritivo, com abordagem quanti-qualitativo a partir da análise das variáveis dos módulos II, Processo de trabalho/ reunião de equipe, do banco de dados, resultante da fase avaliação externa do primeiro ciclo do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica, PMAQ-AB, e sua articulação com a reflexão de que a comunicação não se restringe a transferência bipolar de mensagens, mas um processo dinâmico construção de sentidos expressados por muitos discursos circulantes significado pelos seus contextos. Pensar a comunicação em rede onde circulam vozes sociais em várias direções, conduzindo múltiplos discursos, ideias, propostas, opiniões, saberes e sentimentos. O banco de dados contabilizou 17.202 equipes cuja maior frequência a realização de reuniões semanais no território nacional (42,6%), seguidas da quinzenal (18,8%) e mensal (28,2%). A reunião de equipe é o encontro dos seus membros para avaliação crítica dos processos de trabalho. Sua periodicidade é imprescindível, porém atrelada ao modelo de gestão da unidade de saúde. Modelos de gestão focados em metas a avaliação se dá por procedimentos realizados prejudicando as estratégias de comunicação dialógica para refletir sobre suas práticas. O processo de trabalho, sujeito ao modelo por produtividade, reflete, nos processos comunicativos que acabam se configurando de forma instrumental e linear. As reuniões de equipe devem ser incentivadas pela gestão local por todas as caracterizações que foram levantadas aqui a seu respeito. O SUS, como balizador desse processo, seus princípios só se efetivarão de fato se ao preceito da participação for dada a possibilidade de falar, ser ouvido e ser outorgada a sua presença, por conseguinte se terá a possibilidade de exercer a equidade e almejar com mais possibilidade a integralidade.