Fatores sociodemográficos e de saúde relacionados à compulsão alimentar na população idosa do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil): dados da linha de base

Abstract

Raros estudos brasileiros abordam o Transtorno da Compulsão Alimentar. Recentemente incorporado à categoria de Transtornos Alimentares, de acordo com o DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtorno Mentais), sendo caracterizado por uma vontade incontrolável de comer demasiadamente em um período de tempo (cerca de duas horas), este transtorno ainda não é amplamente explorado. Identificar relações entre o Transtorno de Compulsão Alimentar e o envelhecimento, descrevendo suas características sociodemográficas e de saúde, com ênfase na população idosa do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). O ELSA-Brasil é uma coorte multicêntrica que acompanha 15.105 participantes, entre 35 e 74 anos de idade, servidores públicos ativos ou aposentados de instituições de ensino e pesquisa das regiões sul, sudeste e nordeste do país. Neste estudo, a Compulsão Alimentar foi avaliada por meio de questões (inseridas no questionário de coleta de dados do ELSA-Brasil) acerca da percepção da ingestão de uma elevada quantidade de alimentos em um período de tempo específico (até duas horas) e sensação de perda de controle sobre quanto foi ingerido, sendo a frequência de episódios de, pelo menos, duas vezes por semana. Realizou-se análise transversal descritiva dos dados da linha de base (2008-2010). As maiores prevalências por característica dos participantes que apresentavam compulsão alimentar (n=980 – prevalência=6,5%), foram: a) faixa etária 34 a 44 anos (7,3%); b) mulheres (8,0%); c) obesos (13,0%); d) divorciados/separados e viúvos (ambos com prevalência igual a 7,7%); e) ensino fundamental completo (7,4%); f) baixa renda per capita (8,1%); g) indígenas (7,8%); h) hipertensos (7,8%); i) diabéticos (8,5%); e j) saúde auto-referida como ruim (15,1%). A compulsão alimentar é menos frequente a medida em que ocorre o envelhecimento na população de estudo, sendo mais presente em obesos, naqueles participantes que relataram saúde auto-referida ruim, baixa renda per capita, mulheres, nos de baixa escolaridade e de etnia indígenas. Essas informações são importantes para indicar perfis e parâmetros brasileiros sobre o transtorno de compulsão alimentar. parâmetros brasileiros sobre transtorno de compulsão alimentar.