Exposições ambientais e o desenvolvimento de linfomas

Abstract

Linfomas são neoplasias hematológicas que apresentam crescente incidência. Sua etiologia não está totalmente elucidada, porém exposições ambientais como o uso de pesticidas e infecções virais têm sido associados. O Brasil é um grande consumidor de pesticidas no cenário mundial e a região Serrana do estado do Rio de Janeiro compreende um grande polo agrícola que faz extenso uso desses produtos. Avaliar a magnitude da associação entre a exposições ambientais selecionadas e o desenvolvimento de linfomas no município de Petrópolis-RJ. O presente estudo faz parte do projeto “Exposições a pesticidas e câncer na Região Serrana do Rio de Janeiro”, um estudo de caso-controle e base hospitalar. Foram entrevistados indivíduos maiores de 18 anos, de ambos os sexos, residentes há pelo menos dois anos na região Serrana do estado do Rio de Janeiro, que foram recrutados no centro de referência para tratamento oncológico no município e em hospitais gerais. Foi aplicado um questionário relativo a exposições a agrotóxicos e hábitos de vida, como doenças pregressas e histórico familiar de câncer. Foram entrevistados 216 participantes: 32 casos e 184 controles. A análise revelou que 84,3% dos entrevistados utilizaram algum tipo de pesticida entre os domésticos e agrícolas. Em relação aos fatores associados avaliados, o histórico pregresso de hepatite viral e histórico familiar de câncer foram mais frequentes em casos que em controles. A análise das razões de chances revelou associações positivas para o uso de pesticidas agrícolas (OR=1,46; 0,39 - 5,48) e para atividades como o uso de pesticidas de grama e jardim (OR=2,23; 0,66 - 7,51), uso de inseticidas em edifícios comerciais (OR=1,91; 0,19 - 19,00) e controle de cupins em plantações (OR=5,87; 0,36 - 96,34). A maior parte dos entrevistados revelou já ter feito uso de algum tipo de pesticida domiciliar ou agrícola. A avaliação das razões de chances dos variados usos de pesticidas sugere um excesso de risco, embora não estatisticamente significativo. A maior proporção de histórico de hepatite viral e neoplasia familiar apresentada pelos casos pode indicar um excesso de risco para o desenvolvimento de linfomas.