Turismo de risco para a esquistossomose em Pernambuco, Brasil

Abstract

O presente estudo objetivou analisar o risco para a transmissão da esquistossomose mansônica em localidades vocacionadas ao turismo em Pernambuco. Foi procedido um estudo epidemiológico transversal analítico com base em coleta de dados primários. Foram identificadas localidades turísticas com oferta de dispositivos de lazer em água doce acumulada ou com possibilidade de contato acidental com água doce acumulada. Um inquérito malacológico foi conduzido nestes espaços para detectar a ocorrência de Biomphalaria, conhecer os fatores ambientais e abióticos associados a esta ocorrência e detectar a infecção por S. mansoni dos hospedeiros intermediários identificados. Para análise desses dados foi utilizado o programa SPSS 20. Às variáveis quantitativas contínuas foram aplicados os testes de Kolmogorov Smirnov, Kruskal-Wallis e ANOVA. Para avaliação das associações entre as variáveis dependentes e as variáveis independentes qualitativas nominais foi utilizado o teste do qui-quadrado considerando um valor de p < 0,05. A partir do programa ArcGIS 10.4 foram criados mapas da distribuição das coleções hídricas, criadouros e focos ou focos em potencial de transmissão e mapas temáticos usando a técnica de interpolação do Inverso da Potência das Distâncias. Identificou-se 75 estações de coleta em 41 municípios. Em 28 municípios foram encontrados 48 criadouros, dentre estes, 04 eram focos de transmissão e 08 focos em potencial de transmissão da esquistossomose. Nenhuma associação entre as variáveis biológicas e ambientais ou abióticas foi encontrada. O estudo identificou e localizou com precisão localidades turísticas que podem estar contribuindo para a manutenção e transmissão local e global da esquistossomose. Estes achados permitem subsidiar abordagens intersetoriais que minimizem os riscos de transmissão da esquistossomose mediada pelo turismo.