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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/3492
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DissertaçãoDireito Autoral
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HIGIENIZAÇÄO, MORALIDADE E AUTORITARISMO: SUTILEZAS DE UM DISCURSO NAS PRÁTICAS DE PREVENÇÄO DO CÂNCER CÉRVICO-UTERINO
Sequeira, Ana Lúcia Tiziano | Data do documento:
1998
Autor(es)
Orientador
Afiliação
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Fernandes Figueira. Departamento de Ensino. Programa de Pós-Graduação em Saúde da Mulher
Resumo
Este trabalho objetiva conhecer quais as representaçöes de mulheres atendidas em serviços públicos de saúde sobre os discursos e atitudes médicos, a elas dirigidos, durante a primeira etapa do processo de atendimento no programa de prevençäo do câncer cérvico-uterino, no município do Rio de Janeiro. Para isso, procuramos compreender, através da análise do relato de suas experiências as representaçöes sociais do processo de adoecimento e, a partir daí, suas possíveis consequências para a investigaçäo e o tratamento das neoplasias intraepiteliais cervicais e do próprio câncer do colo uterino. Registramos a manutençäo de um vies moralista na concepçäo de " risco", e higienista na concepçäo de prevençäo, que, de forma sutil, distanciam estas mulheres da compreensäo real de seus problemas e ao mesmo tempo acabam por tentar "culpabilizá-las", com orientaçöes que extrapolam o conhecimento científico em funçäo da presença de determinadas características individuais e estilos de vida. Registramos também o uso abusivo de frases "fragmentadas", cuja interpretaçäo cabe as mulheres em substituiçäo ao que seria uma verdadeira exposiçäo das possibilidade diagnósticas das lesöes precursoras do câncer. Ficou evidenciado que o objetivo de parte dos profissionais foi "amedrontar" sem, no entatanto, esclarecer, objetivando, com isso, fazer com que elas cupram as recomendaçöes médicas. Podemos presumir que alguns discursos e atitudes do médico durante o processo de trabalho no programa de prevençäo do câncer cérvico-uterino podem estar explicando, em parte, a resistência das mulheres a esse tipo de atendimento, traduzida entre outras formas, na descontinuidade, no abandono do tratamento ou mesmo na recusa em demandarem assistência ginecológica preventiva como uma rotina em suas vidas.
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