Please use this identifier to cite or link to this item:
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/26512
AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ESPÉCIE DE LEISHMANIA E DA COINFECÇÃO POR PARASITOS INTESTINAIS NO CURSO CLÍNICO E RESPOSTA TERAPÊUTICA DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA EM PACIENTES TRATADOS COM 5MG SBV/KG/DIA DE ANTIMONIATO DE MEGLUMINA
Variação Genética
Helmintos
Coinfecção
Antimonio
Meglumina
Terapêutica
Cataldo, Jamyra Iglesias | Date Issued:
2016
Author
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é um agravo que apresenta ampla complexidade em diferentes aspectos, fato que pode ser resultante da interação entre a resposta imunológica do paciente, das características genéticas das espécies envolvidas na infecção, aspectos epidemiológicos da área endêmica e possíveis coinfecções. No estado do Rio de Janeiro a LTA é causada predominantemente por L. braziliensis, com quadros clínicos variados e boa resposta terapêutica ao antimoniato de meglumina, entretanto, o mesmo cenário não é observado em outras regiões do Brasil, onde circulam outras espécies de Leishmania. Além disso, pouco se sabe sobre a influência das coinfecções por parasitos intestinais no perfil clínico e resposta terapêutica na LTA. Com base nisto, objetivamos verificar a influência da espécie de Leishmania e a ocorrência de coinfecções por parasitos intestinais no curso clínico e terapêutico da LTA. A população do estudo foi constituída por 217 pacientes, provenientes de várias regiões do Brasil, tratados com baixa dose (5mg/Kg/dia) de SbV(antimonial pentavalente). Para caracterização das espécies de Leishmania foi utilizada a técnica de eletroforese de isoenzimas e os parasitos intestinais foram diagnosticados através das técnicas de Kato-Katz, sedimentação e Baermann-Moraes. Os resultados foram reunidos em dois artigos científicos. No artigo 1, comparamos o desfecho clínico de pacientes com LTA oriundos do estado do Rio de Janeiro (RJ) com pacientes infectados em outros estados (OE). Considerando a utilização de 5mg SbV/Kg/dia por 30 dias, cura foi observada em 72% (n=78) dos 108 pacientes estudados, dos quais 59% (n=64) estavam infectados por L. braziliensis Considerando todos os pacientes que necessitaram de cursos adicionais com a mesma dose, 88,9% dos pacientes curaram com 5mg SbV/Kg/dia. Não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos RJ e OE (p=0,254). Uma maior variabilidade genética de L. braziliensis foi encontrada em isolados de OE quando comparados aos do RJ. Dados clínicos ou demográficos não foram associados à falha terapêutica. No artigo 2, 109 pacientes foram estudados, comparando casos de LTA coinfectados e não coinfectados por parasitos intestinais. Nos pacientes coinfectados por helmintos, foi observada uma freqüência maior de lesões mucosas e má resposta terapêutica (falha e recidiva) quando comparados aos casos com exame parasitológico de fezes negativo e os que tiveram infecções por protozoários. Dentro do grupo de helmintos, os nematódeos, em especial Ascaris lumbricoides, tiveram associação com o desenvolvimento da forma mucosa da LTA. Além disso, no grupo de pacientes coinfectados com helmintos, o tempo de cura das lesões foi maior em relação aos não parasitados. Como conclusão geral do nosso estudo, pacientes com LTA causada por L. braziliensis de OE responderam de forma satisfatória ao tratamento com SbV em baixa dose, quando comparados aos casos oriundos do RJ. Mesmo que preliminar, esse dado sugere que o esquema de baixa dose de SbV, utilizado há vários anos no RJ, possa ser estendido para outras regiões do Brasil. Já com relação ao parasitismo intestinal, concluímos que a infecção por helmintos exerce uma influência deletéria no curso clínico e terapêutico na LTA, devendo ser um aspecto a ser considerado durante o manejo do paciente.
Abstract
American tegumentary leishmaniasis (ATL) is a disease that is highly complex in different aspects, which may be the result of interaction between the immune response of the patient, the genetic characteristics of the species involved in the infection, epidemiological aspects of the endemic area and possible co-infections. In the state of Rio de Janeiro ATL is caused mainly by L. braziliensis, with varying clinical pictures and good therapeutic response. However the same scenario is not observed in other regions of Brazil, where other Leishmania species also cause the disease. Furthermore, little is known about the influence of co-infections by intestinal parasites in the clinical profile and therapeutic response in ATL. Based on this, we aimed to verify the influence of Leishmania species and of the occurrence of coinfection by intestinal parasites in clinical and therapeutic course of ATL. The study population consisted of 217 patients, from various regions of Brazil, treated with low dose (5mg/Kg/day) of SbV (pentavalent antimony). For characterization of the Leishmania species we used isoenzyme electrophoresis and intestinal parasites were diagnosed through the techniques of Kato-Katz, sedimentation and Baermann-Moraes. The results were gathered in two papers. Article 1, we compared the clinical outcome of patients with ATL acquired in state of Rio de Janeiro (RJ) with infected patients from other states (OS). Considering de the use of 5mg SbV/Kg/day during 30 days, cure was observed in 72% (n=78) of 108 patients, from which 59% (n=64) were infected by L. braziliensis Considering the patients who needed additional courses of the same dosis, 88.9% of patients were cured with 5mg SbV/kg/day. There was no statistically significant difference between RJ and OS (p=0.254). A greater genetic variability was found in L. braziliensis OS isolates when compared to those from RJ. Clinical and demographic data were not associated with treatment failure. Article 2, 109 patients were studied, comparing cases of ATL coinfected and not coinfected with intestinal parasites. In patients co-infected with helminths, a higher frequency of mucosal lesions and poor therapeutic response (failure and relapse) was observed when theywere compared to cases with negative parasitological feces examination and those who had protozoal infections. Within the helminth group, nematodes, particularly Ascaris lumbricoides, were associated with the development of mucosal form of ATL. In addition, in the group of patients coinfected with helminths, the lesion healing time was higher when compared thenon parasitized. As a general conclusion of our study, patients with ATL caused by L. braziliensis from OS responded satisfactorily to treatment with low dose SbV, when compared to cases infected in RJ. Although preliminary, this finding suggests that the low-dose regimen of SbV used for several years in Rio de Janeiro, can be extended to patients who acquired ATL in other regions of Brazil. In relation to intestinal parasitism, we concluded that helminth infection exerts a deleterious influence on clinical and therapeutic course in ATL and should be an aspect to be considered in the management of patients.
Keywords in Portuguese
Leishmania BraziliensisVariação Genética
Helmintos
Coinfecção
Antimonio
Meglumina
Terapêutica
Share