Os sentidos do Hospício de Pedro II: dinâmicas sociais na constituição da psiquiatria brasileira (1842-1889)

Abstract

Esta tese tem como objetivo central a análise do Hospício de Pedro II em sua relação com a sociedade imperial brasileira, desde o decreto de sua fundação até a Proclamação da República, em 1889. Buscamos analisar tanto a lógica de funcionamento cotidiano da instituição, quanto sua relação com a sociedade que a constituía. Para tanto, lançamos mão, além de documentação administrativa oficial, como estatutos, regimentos e relatórios, dos registros de internação dos alienados, custodiados pelo Instituto Municipal de Assistência à Saúde Nise da Silveira. A partir deste estudo, apresentamos aspectos administrativos que embasavam as regras de funcionamento da instituição, permeadas por um forte potencial hierarquizante, típico da sociedade imperial. Mas também os aspectos médicos e suas apropriações leigas no que tange à alienação mental, apontando para uma participação efetiva da sociedade na construção do projeto institucional. O olhar atento às características da instituição ao longo destas décadas e à articulação entre os diversos atores sociais, como a Coroa Imperial, as famílias, e o corpo médico, possibilitaram a compreensão sobre a complexidade da instituição. Percebemos assim que as negociações e conflitos, que envolveram diferentes interesses pessoais, profissionais e institucionais, tiveram papel fundamental para ações administrativas ao longo do tempo, que implicaram em transformações importantes, especialmente em relação ao público majoritário que seria atendido em cada período.