RADIS - Número 146 - Novembro

Abstract

No 4º Congresso da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme) em Manaus, pesquisadores, profissionais, usuários e militantes debateram a persistente ênfase na medicalização e a volta à demanda por internação em comunidades terapêuticas e instituições religiosas, apesar de décadas de reflexão sobre a importância da desinstitucionalização. Paulo Amarante, presidente da Abrasme, destaca a necessidade de trocar o foco na doença e controle bioquímico por atenção integral e investimento na autonomia dos usuários. Ele critica a medicalização da vida cotidiana pela medicina e indústria farmacêutica, defendendo uma mudança na base conceitual das políticas de acolhimento. A trajetória de 60 anos da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp) reflete o pensamento sanitário crítico no Brasil, comprometido com o direito universal à saúde, produção acadêmica a serviço da sociedade e a defesa da democracia. Depoimentos nesta edição relembram a repressão após o golpe civil-militar de 1964, casos de injustiça ambiental e a atual criminalização de movimentos sociais e militantes políticos. As eleições para o Congresso Nacional preocupam devido ao crescimento da bancada conservadora, vista como obstáculo aos direitos essenciais à saúde. A falta de propostas e discussões sobre políticas de saúde na campanha é analisada pelo Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes). Destaca-se a importância de fortalecer o aspecto público e universal do Sistema Único de Saúde (SUS) sem recorrer a alternativas que envolvam repasses de recursos públicos para gestores privados, incompatíveis com o ideário da Reforma Sanitária.