RADIS - Número 84 - Agosto

Abstract

O texto aborda a histórica luta por direitos no Brasil, destacando como diversas comunidades, como índios, escravos, camponeses, trabalhadores urbanos, mulheres e outros grupos, enfrentaram perseguições e injustiças por parte das antigas oligarquias. O foco principal da reportagem é a situação dos índios da etnia xukuru em Pernambuco, especialmente o assassinato do lendário cacique Xicão, que liderou o povo xukuru na busca por justiça, identidade cultural e demarcação de suas terras. O texto denuncia a contínua perseguição enfrentada pelos xukurus, tanto por parte de latifundiários quanto por instituições como a polícia, o Ministério Público e a Justiça. Apesar de 11 anos terem se passado desde o crime, as investigações não avançaram, e várias lideranças indígenas foram presas e condenadas. Recentemente, o cacique Marcos Araújo e outros líderes foram condenados a até 10 anos de prisão em um processo que deveria investigar um atentado contra o jovem cacique. O texto também destaca a importância de projetos do Ministério da Saúde e da Fiocruz que colaboram com os xukurus, que buscam autonomia na gestão de saúde e resistem à influência das oligarquias locais. A perseguição judicial visa enfraquecer o povo xukuru em sua jornada para reafirmar sua identidade, promover a sustentabilidade em suas terras e avançar na educação diferenciada em suas escolas. O cenário é descrito como um agreste verde e chuvoso, onde a Serra do Ororubá testemunhou o esquecimento das tradições indígenas, mas também a liderança de Xicão na reunificação da tribo. A narrativa encerra com a esperança de que novos "guerreiros" xukurus continuem a luta, mantendo viva a dança sagrada e política do toré e entoando: "Pisa ligeiro, pisa ligeiro; quem não pode com a formiga não assanha o formigueiro..." - expressando a resiliência e determinação do povo xukuru em sua busca por justiça e preservação de sua cultura.