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CORPOREIDADE E CÂNCER: SENTIDOS E VIVÊNCIAS DE PESSOAS OSTOMIZADAS
Autor(es)
Afiliação
Fundação Oswaldo Cruz. Centro de Pesquisas René Rachou. Belo Horizonte, MG, Brasil.
Fundação Oswaldo Cruz. Centro de Pesquisas René Rachou. Belo Horizonte, MG, Brasil.
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Fundação Oswaldo Cruz. Centro de Pesquisas René Rachou. Belo Horizonte, MG, Brasil.
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Resumo
A corporeidade é aquilo que nos mostra que existir é ao mesmo tempo indigência e potência na perspectiva heideggeriana. A condição de indigência caracteriza-se pelas experiências de necessidade e de limitação enquanto a potência se expressa a partir do poder fazer, do realizar humano. Dessa forma a corporeidade diz respeito ao corpo vivenciado e está intrinsecamente ligada à temporalidade e à espacialidade, como constituintes do modo fundamental do ser-no-mundo. Dessa forma, fazer uma fenomenologia da corporeidade não é descrever o corpo, mas buscar a qualidade da experiência que está relacionada com a questão do corpo (Pompéia, 2003). Este estudo, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG), buscou compreender como os sujeitos portadores de bolsa de colostomia, devido ao tratamento de câncer colorretal vivenciam a nova condição existencial. A pesquisa foi realizada em um hospital que atende pacientes oncológicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), localizado na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. Foram entrevistados pacientes de ambos os gêneros, recém-operados e que convivem com a bolsa de colostomia há pelo menos dois anos, com idade entre 42 a 70 anos. As entrevistas seguiram um roteiro semi-estruturado e focalizaram as vivências de corpo antes e após a colocação da bolsa de colostomia, as relações interpessoais, o significado do adoecimento e da bolsa e o Cuidado. As entrevistas foram interrompidas seguindo-se o critério de saturação e singularidade dos discursos conforme proposto por Minayo (2007). A análise das vivências, realizadas à luz da fenomenologia existencial heideggeriana, permitiu compreender: 1) que o câncer é significado como algo provoca uma ruptura no projeto existencial colocando o doente frente à morte; 2) que a bolsa de colostomia adquire o sentido de um prolongamento da existência e de um sentimento de não-normalidade dos sujeitos; 3) que as limitações na sexualidade, na vida social e nas atividades diárias ocorridas a partir do adoecimento e do tratamento refletem em todas as dimensões da existência; 4) que o cuidado consigo, com o outro e com a saúde foi ressignificado demonstrando-se como uma
pré-ocupação dos sujeitos. As indigências, representadas pelas limitações e as potências, representadas pelos cuidados de si, com o outro e pelo outro, da existencialidade, apontadas pelos participantes desse estudo nos levam a pensar em ações que devem ser pensadas e executadas por uma equipe
interdisciplinar, uma vez que o adoecimento e o tratamento envolvem toda a existência do ser humano e não somente o campo biológico.
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