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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/14202
Tipo de documento
DissertaçãoDireito Autoral
Acesso aberto
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
08 Trabalho decente e crescimento econômicoColeções
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AS ESTRATÉGIAS COLETIVAS DE DEFESA ELABORADAS PELOS TRABALHADORES DE ENFERMAGEM NO CONTEXTO HOSPITALAR BRASILEIRO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Oliveira, Olga Veloso da Silva | Data do documento:
2014
Título alternativo
The collective defense strategies developed by nursing staff in the Brazilian hospital context: an integrative reviewAutor(es)
Orientador
Coorientador
Afiliação
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Resumo
As estratégias coletivas de defesa se apresentam como modos de agir dos
trabalhadores frente ao sofrimento, na tentativa de não sucumbir frente a pressões da
organização do trabalho. Estas estratégias são construídas coletivamente e integram o
arcabouço teórico da Psicodinâmica do Trabalho, proposta por Christophe Dejours. A
dissertação teve como o objetivo geral analisar as estratégias coletivas de defesa descritas nos
estudos empíricos com trabalhadores de enfermagem que atuam em hospitais brasileiros. Foi
realizada uma revisão integrativa, que visa realizar uma síntese e análise crítica do
conhecimento produzido acerca do objeto estudado. Foram utilizadas as seguintes bases de
dados: LILACS, SciELO, MEDLINE, BDENF e PePSIC, definindo-se o período 1980-2013
como marco temporal. Como descritores, foram utilizados os termos “enfermagem” e
“trabalho" e como palavras-chave os termos “psicodinâmica”, “estratégias coletivas de
defesa” e “sofrimento”. Foram selecionados vinte materiais, sendo quinze artigos, três teses e
duas dissertações. Todos os textos baseiam-se em abordagens qualitativas; cinco estudos
baseiam-se na proposta metodológica preconizada por Dejours. A entrevista semiestruturada
foi a técnica mais comumente utilizada, sendo a análise do conteúdo a técnica de interpretação
mais frequente. A análise do material bibliográfico sugere uma tendência ao aumento no
número de publicações nos anos mais recentes, com média de 1,1 estudos/ano de 2000 a 2009
e média de 1,8 artigos no período 2010-2013. Dentre as publicações relativas a setores
específicos do hospital, as Unidades de Terapia Intensiva concentraram o maior número de
estudos. As estratégias coletivas de defesa identificadas vinculavam-se, principalmente com o
sofrimento decorrente da lida com o paciente e com outros fatores desestabilizantes da
organização do trabalho, das condições de trabalho e relações sociais no meio hospitalar. As
estratégias mais frequentes nos estudos foram a negação do sofrimento, o distanciamento do
paciente e a banalização do sofrimento. Também se destacaram estratégias voltadas para a
solidariedade com os colegas e o relacionamento da equipe em situações de dificuldade, a
improvisação de recursos materiais a partir de condições precárias de trabalho, ausência e
fugas do local de trabalho, além de atitudes de descontração e humor. Em especial nas UTIs a
estratégia mais prevalente foi o distanciamento do paciente, o que sugere intenso sofrimento
vivenciado pelos trabalhadores em um cenário caracterizado pela urgência, longa
permanência dos pacientes, atenção e vigilância. O estudo contribuiu para ampliar as
discussões e reflexões sobre as estratégias de enfrentamento frente às vivências de sofrimento
no trabalho em hospitais. Os resultados poderão subsidiar discussões sobre a vivência
subjetiva do trabalhador de enfermagem no contexto hospitalar, podendo contribuir para a
mobilização dos mesmos no sentido de reduzir as adversidades decorrentes da organização do
trabalho.
Resumo em Inglês
The collective defense strategies are ways of acting against the suffering of workers in
an attempt not to succumb to pressures of work organization. These strategies are collectively
constructed and integrate the theoretical framework of the psychodynamics of work, proposed
by Christophe Dejours. The objective of the dissertation was to analyze the collective defense
strategies described in empirical studies with nursing professionals in Brazilian hospitals. An
integrative review was performed, which aims to achieve a synthesis and critical analysis of
the knowledge about the object under study. The following databases were used: LILACS,
SciELO, MEDLINE, and BDENF PePSIC, considering the period 1980-2013. The terms
"nursing" and "work" were used as descriptors; “psychodynamic" terms "collective defense
strategies" and "suffering" were used as key words. Twenty materials were selected, fifteen
articles, three theses and two dissertations. All texts are based on qualitative approaches; five
studies based on the proposed methodology advocated by Dejours. A semi-structured
interview was the most commonly used technique, and content analysis technique was the
most frequent method for interpretation. The analysis of bibliographic material suggests a
tendency to increase in the number of publications in recent years, averaging 1.1 studies/year
from 2000 to 2009 and an average of 1.8 studies/year in 2010-2013. Among the publications
related to specific sectors of the hospital, the intensive care units concentrated the largest
number of studies. The collective defense strategies identified were associated with the
suffering caused by dealing with the patient and other destabilizing factors of work
organization, working conditions and social relations in hospital settings. The most common
strategies in the studies were the denial of suffering, the distance of the patient and the
trivialization of the suffering. Other relevant strategies were solidarity with colleagues and the
relationship of the team in difficult situations, the improvisation of material resources in
situations of poor working conditions, running away from the workplace, as well as attitudes
of relaxation and mood. Especially in ICUs, the most prevalent strategy was the distance of
the patient, which suggests intense suffering experienced by workers in a scenario
characterized by urgency, long-stay patients, attention and vigilance. The study helped to
broaden the discussions and reflections on strategies for coping with experiences of suffering
at work in hospitals. The results may support discussions about the subjective experience of
nursing workers in hospital settings and may contribute to the mobilization of workers in
order to reduce the adversities of work organization.
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