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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/38321
A MORTE QUE SALVA VIDAS: COMPLEXIDADES DO CUIDADO MÉDICO AO PACIENTE COM SUSPEITA DE MORTE ENCEFÁLICA
SUS
Internações hospitalares
Cuidado médico
Sobrevivência de pacientes graves
Vítimas de violência
Morte encefálica
Doação de órgãos
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto René Rachou. Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento. Belo Horizonte, MG, Brasil.
Prefeitura de Belo Horizonte. Secretaria Municipal de Saúde. Belo Horizonte, MG, Brasil.
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto René Rachou. Belo Horizonte, MG, Brasil.
Prefeitura de Belo Horizonte. Secretaria Municipal de Saúde. Belo Horizonte, MG, Brasil.
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto René Rachou. Belo Horizonte, MG, Brasil.
Abstract in Portuguese
Eventos provocados por causas externas assumem expressiva relevância nas internações hospitalares do SUS. Por sua vez, o atendimento pré e per-hospitalar favorece o cuidado médico e a sobrevivência de pacientes graves vítimas de violência. Alguns evoluem para uma morte encefálica, condição que os tornam potenciais doadores de órgãos que podem viabilizar a preservação da vida de outras pessoas. O objetivo do presente trabalho é compreender como os profissionais médicos do maior pronto atendimento de uma metrópole brasileira orientam o cuidado aos pacientes graves potenciais doadores de órgãos. Trata-se de um estudo etnográfico, desenvolvido em um hospital de pronto atendimento, referência em trauma na América Latina, situado no hipercentro da cidade de Belo Horizonte/MG. A instituição, de modo pioneiro no Brasil, possui um setor específico para onde são encaminhados os pacientes com suspeita de morte encefálica: o Serviço de Apoio à Vida (SAV). O trabalho de campo foi realizado durante 9 meses, baseado em observações empíricas e entrevistas semiestruturadas junto a 43 médicos plantonistas - 25 homens e 18 mulheres, entre 28 e 69 anos - que atuavam em setores destinados ao paciente grave. A análise dos dados foi êmica, orientada pelo modelo de “signos, significados e ações”. À etnografia, emergiu o processo de cuidado médico no SAV que contempla: terapia intensiva ao potencial doador; realização do protocolo de constatação da morte encefálica e comunicação do fato à família do paciente. Nesse último caso, a interlocução perpassa o contexto sociocultural – atravessado por aspectos religiosos e de configurações específicas a cada cultura; o contexto de Pronto Atendimento – perfil institucional do serviço e as ambivalências na definição da morte encefálica. Ficou claro que as funções do SAV ultrapassam questões meramente normativas e adentram uma complexidade de elementos que não são passíveis de uma delimitação estanque e linear. O processo de cuidado no SAV evidenciou o papel do médico enquanto mediador de uma miríade de elementos e tensões imbricados. Entre a constatação e a comunicação da morte encefálica emergem percepções ambivalentes dos profissionais e dos familiares. A tênue definição do que seja a vida e a morte tangencia toda a atuação médica no Pronto Atendimento, com implicações diretas no cuidado ao paciente/potencial doador e aos familiares.
Keywords in Portuguese
Sistema Único de SaúdeSUS
Internações hospitalares
Cuidado médico
Sobrevivência de pacientes graves
Vítimas de violência
Morte encefálica
Doação de órgãos
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