Abstract in Portuguese | O artigo aborda o contexto do 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, destacando a presença de aproximadamente 8 mil participantes, incluindo pesquisadores, estudantes, profissionais de saúde e membros de movimentos sociais na área da saúde. O evento ocorreu na sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro, e coincidiu com os 30 anos do Sistema Único de Saúde (SUS), instituído pela Constituição de 1988. Diversos especialistas internacionais, incluindo Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile e chefe de Direitos Humanos da ONU, discutiram as desigualdades em saúde na região das Américas. Bachelet enfatizou a importância de abordar as desigualdades de gênero, socioeconômicas e étnicas, que afetam o acesso aos serviços de saúde para grupos vulneráveis. O sociólogo Jessé Souza destacou como o capitalismo financeiro contribui para expropriar a população de direitos básicos, enquanto Deisy Ventura, professora de Ética e Direito Internacional, criticou a abordagem de grandes investidores internacionais que veem a saúde global como uma oportunidade de lucro. José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde, relembrou os ideais do movimento da Reforma Sanitária, que defendia um sistema de saúde democrático, descentralizado e universal. No entanto, ele observou que o SUS continua subfinanciado, especialmente com as políticas de austeridade fiscal, e não conseguiu reverter o crescimento do setor privado de saúde. Gastão Wagner, presidente da Abrasco na época do congresso, ressaltou que o SUS ainda não superou as desigualdades sociais no Brasil e enfatizou a importância de reconhecer os problemas do sistema, defender seus avanços e fortalecer a participação das populações marginalizadas na formulação de políticas de saúde. A edição também dá voz a pessoas que vivenciam diretamente o racismo, a discriminação de gênero e outras formas de desigualdade no Brasil, oferecendo uma perspectiva mais ampla sobre os desafios
enfrentados no campo da saúde coletiva. | pt_BR |