Níveis de cádmio em sangue e urina dos habitantes do entorno de uma reserva ecológica no Pantanal Mato-grossense

Abstract

A poluição ambiental e seus potenciais efeitos sobre os diversos organismos e ecossistemas se apresentam como grandes temas da saúde pública na atualidade, incluindo-se nessa discussão os níveis de exposição aos xenobióticos. Os metais se encontram entre os principais poluentes ambientais, cuja relevância se baseia em características peculiares tais como persistência no ambiente, alto potencial tóxico e propriedade de bioacumulação. O cádmio à um dos metais com maior potencial de causar impacto ao ambiente e â saúde humana. Este metal ganha importância não somente por sua ocorrência natural, mas também por sua utilização em vários ramos produtivos, sua capacidade de contaminação do meio ambiente e por seus possíveis efeitos sobre os organismos vivos. Os objetivos desse estudo foram: determinar a concentração de cádmio no sangue (Cd-S) e cádmio na urina (Cd-U) da população estudada; comparar os níveis de cádmio no sangue e na urina com valores de referência apresentados na literatura; verificar a existência de correlação entre os níveis de cádmio no sangue e na urina; relacionar a concentração do metal com variáveis sócio-econômicas, caracterizando possíveis fatores de risco. O estudo ocorreu no entorno da Estância Ecológica SESC Pantanal, no município de Poconé. A coleta de dados foi realizada através da aplicação de um questionário padronizado fundamentado para o conhecimento das variáveis sócio-econômicas e fatores de risco para a exposição ao metal. Coletou-se o sangue total e urina da população cujo universo amostral foi de cento e vinte e um sujeitos. A metodologia para a determinação do cádmio nos fluidos biológicos foi a espectrometria de absorção atômica eletrotérmica, enquanto que o programa estatístico SPSS foi utilizado para a análise dos dados. As concentrações médias encontradas para Cd em sangue (Cd-S) e urina (Cd-U) na população estudada foram de 0,57 å 0,21 e 0,45 å 0,32 μg L -1, respectivamente. A média de Cd-S não apresentou variância significativa frente ao valor de referência utilizado para comparação (0,6 μg L-1), porém, essa variância foi significativa para Cd-U quando comparado ao valor de referência (0,86 μg L-1). Não foi possível estabelecer uma correlação linear entre os níveis do metal nas duas matrizes biológicas. As variáveis que apresentaram associação positiva com os níveis de Cd-S foram sexo, tabagismo, hábito de ingerir arroz e bebida alcoólica. Nesse último caso, havendo, também, alterações nos níveis de cádmio na urina. Além dessas, pode-se ter como hipótese de que trabalhar no campo eleva os níveis de cádmio no sangue. Os níveis encontrados para esses indicadores biológicos de exposição podem ser utilizados como valor de referência para a população local.