Please use this identifier to cite or link to this item:
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/24222
O MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM-TERRA E AS RELAÇÕES ENTRE SAÚDE, TRABALHO E AMBIENTE EM UM ASSENTAMENTO RURAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Assentamentos Rurais
Saúde do Trabalhador
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Santos, Júlio César Borges dos | Date Issued:
2011
Alternative title
The movement of landless rural workers and the relationship between health, labor and environment in a rural settlement in the state of Rio de JaneiroAdvisor
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) constitui um dos mais importantes
movimentos sociais de organização de trabalhadores rurais e luta pela terra em todo o mundo.
Esta pesquisa objetivou estudar as relações entre saúde, trabalho e ambiente em um
assentamento rural ligado ao MST no município de Campos dos Goytacazes, estado do Rio
de Janeiro. Buscou-se compreender os significados atribuídos pelos trabalhadores e as ações
e práticas de saúde-trabalho-ambiente desenvolvidas no assentamento em confronto com as
orientações e propostas do MST sobre essa temática. Foi adotado o referencial teóricometodológico da ergologia buscando compreender e analisar o trabalho como sendo um
processo no qual se inscreve um debate de normas e valores. As técnicas de investigação
utilizadas foram análise documental, observação participante, entrevista semi-estruturada e
grupo focal. O MST constrói um conceito de saúde que ressalta a organização e mobilização
coletiva como estratégia de promoção da saúde, o autocuidado e o resgate das práticas da
medicina popular, em especial o uso de plantas medicinais. Observou-se que os assentados
têm uma compreensão ampliada do processo saúde-doença e desenvolvem estratégias de
saúde como a organização e mobilização social para superação de questões estruturais
decorrentes da ausência ou insuficiência das políticas públicas, a prática isolada de uso de
plantas medicinais e a busca aos serviços públicos e privados de saúde. Os principais
problemas relacionados à saúde foram o uso de agrotóxicos, a exposição às intempéries e ao
sol, o desgaste decorrente do trabalho pesado e a dificuldade de acesso aos serviços de saúde.
Para os assentados o trabalho tem o significado de liberdade e satisfação, positividade
relacionada à autogestão e autonomia que são elementos fundamentalmente associados à
saúde e contrapostos às experiências anteriores ao assentamento. Dentre as principais
propostas do MST, a cooperação se configura como estratégia de fortalecimento comunitário
e resistência às limitações impostas pelo modelo hegemônico do agronegócio, tais como a
falta de apoio técnico e financeiro para a produção, enquanto a agroecologia é pouco
desenvolvida no assentamento. De modo geral, as orientações sugeridas pelo MST são
renormatizadas para adequarem-se aos desejos e motivações dos sujeitos, num movimento
que ressalta as experiências individuais e coletivas em busca de um equilíbrio entre o possível
e o ideal.
Abstract
The Landless Workers Movement (MST) is one of the most important social movements of
organization of rural workers and their struggle for land in the world. This research aimed to
study the relationships between health, work and environment in a rural settlement linked to
the MST in the state of Rio de Janeiro. We tried search understand the significance attributed
by the workers and the actions and practices of health-work-environment in the settlement in
confrontation with the guidelines and suggestions of MST. The theoretical and
methodological references adopted were based on the ergological perspective seeking to
understand and analyze the labour as "human activity", process in which is inscribed the
"debate of norms and values". The investigative techniques used were: document analysis;
participant observation; semi-structured interviews; and focus groups. The MST builds a
concept of health that emphasizes a collective organization and mobilization as a strategy for
health promotion, self-care and rescue of a popular medicine, especially the use of medicinal
plants. It was observed that the settlers have an expanded understanding of the health-illness
process and develop health strategies organizing and mobilizing themselves to overcome
structural issues caused by the absence or the inadequacy of public policies; the isolated
practice of using medicinal plants and the search for public and private healthcare. The major
health related problems were the use of pesticides, exposure to bad weather and sun, stress
due to very hard work and difficult access to public healthcare. For settlers work means
freedom and satisfaction, factors linked to autonomy and self-management; elements that are
fundamentally associated with health and opposed to life before being settled. Among the
main MST guidelines, cooperation is configured as a strategy for community empowerment
and resistance to the limitations imposed by the hegemonic model of agribusiness; such as
lack of technical and financial support for production, while the agroecological techniques
are poorly developed in the settlement. We consider that the guidelines of health and work
proposed by the MST are renormatized by each worker and by group to adapt the desire and
motivation of individuals, in a movement that emphasizes the individual and collective
experiences in search of a balance between the possible and the ideal.
Keywords in Portuguese
Saúde da População RuralAssentamentos Rurais
Saúde do Trabalhador
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Share