IOC - PGBCM - Dissertações de Mestrado
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/6874
2024-03-29T10:34:13ZRosuvastatina como estratégia terapêutica no dano cognitivo decorrente da malária cerebral experimental
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/60728
Rosuvastatina como estratégia terapêutica no dano cognitivo decorrente da malária cerebral experimental
Fernandes, Tamires da Cunha
A malária é uma doença infecciosa parasitária de abrangência mundial. A Malária Cerebral (MC) é a complicação mais grave e letal da infecção desencadeada pelo Plasmodium falciparum. Esse quadro grave, consequente da adesão de hemácias parasitadas e não parasitadas, além de leucócitos, nos capilares cerebrais, leva a inflamação, produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e nitrogênio (NOS), além da disfunção da barreira hematoencefálica (BHE), ativação de astrócitos e de microglia, levando ao desenvolvimento de danos celulares irreversíveis, culminando com o dano cognitivo. As estatinas estão se tornando cada vez mais alvos de pesquisas farmacológicas. Apesar de comumente usados para o controle de dislipidemias e doenças cardiovasculares, evidências crescentes têm demonstrado que, devido a ação anti-inflamatória, antioxidante e anti-excitotóxica neuronal esses fármacos poderiam ser capazes de modular a neuroinflamação. O presente estudo esteve focado na avaliação, em particular da rosuvastatina, que já demonstrou efeito anti-inflamatório em quadros de doenças infecciosas sistêmicas e proteção em modelos experimentais de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson. Avaliamos o efeito da rosuvastatina na reversão do dano cognitivo consequente da MC, focando na neuroinflamação e na sinalização celular associada aos processos mnemônicos. Para isso, camundongos machos C57BL/6 (L. 025/2015) foram previamente inoculados com P. berghei ANKA (PbA). A partir dos primeiros sintomas de MC, foi realizado o tratamento com rosuvastatina (10-20 mg/kg v.o.). Para a análise cognitiva, os animais foram tratados em conjunto com o antimalárico cloroquina (25 mg/kg v.o.) do sexto ao décimo segundo dia pós infecção. O tratamento com rosuvastatina não reduziu a carga parasitária, o desenvolvimento de malária grave e a mortalidade dos animais, porém reverteu o desenvolvimento de dano cognitivo nos animais infectados tratados com 10 mg/kg em conjunto com a cloroquina. Ainda foram avaliados aspectos condizentes com a neuroinflamação e neurodegeneração. O tratamento com rosuvastatina foi capaz de reverter significativamente níveis séricos e teciduais de IFN-γ e de TNF-α frente à infecção, além de diminuir os níveis de MPO, subprodutos da nitrosilação de proteínas e peroxidação lipídica (3-nitrotirosina e 4-hidroxinonenal, respectivamente). O tratamento com rosuvastatina preveniu a disfunção da BHE, verificado pelo extravasamento do corante Azul de Evans, bem como os perfis de microgliose, através da expressão de Iba 1, e astrogliose, através da marcação de GFAP e S100β. Verificamos que a infecção com PbA promoveu um desbalanço das funções sinápticas a partir de uma alta expressão de PSD-95 e sinaptofisina, proteínas pós e pré-sinápticas, que foi revertido por rosuvastatina, bem como a alta fosforilação de Erk 1/2. Assim, nota-se que rosuvastatina desempenhou papel neuroprotetor e anti-inflamatório frente à MC, prevenindo as sequelas cognitivas a partir da prevenção do surgimento do dano tecidual, oferecendo sustentação para estratégias terapêuticas frente à disfunção neurocognitiva
2020-01-01T00:00:00ZDetecção e variabilidade genética de Mycobacterium leprae numa região altamente endêmica para hanseníase e avaliação de fatores associados a transmissão recente
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/55952
Detecção e variabilidade genética de Mycobacterium leprae numa região altamente endêmica para hanseníase e avaliação de fatores associados a transmissão recente
Prado Palácios, Yrneh Yadamis
A hanseníase é geralmente causada pelo Mycobacterium leprae e é um problema de saúde pública no Brasil, país que relatou 20.684 novos pacientes entre 2010 e 2019. Recife, a região metropolitana do Pernambuco, é altamente endêmica para esta doença, sendo que 4,9% dos casos ocorrem em menores de 15 anos, indicando um nível considerável de transmissão. Os fatores de risco para transmissão precisam ser melhor investigados, assim métodos moleculares foram empregados para definição dos genótipos do microrganismo circulante em pacientes supostamente recém-diagnosticados de janeiro-2012 a janeiro 2017. Esfregaços cutâneos provenientes de lâminas de 709 pacientes com diagnóstico de hanseníase confirmados foram submetidos à extração de DNA e avaliados por qPCR para a região 16S e elementos repetitivos-RLEP. A carga bacteriana negativa foi observada em 204 (8,7%) pacientes, sendo 105 (14,8%) paucibacilares (IB<2) e 399 (56,3%) multibacilares (IB≥2). A reanálise dos dados dos pacientes mostrou que 75 (10,6%) tinham diagnóstico prévio de hanseníase; destes, 31 (41,3%) apresentaram recidiva/reinfecção, 40 (53,3%) tiveram falha terapêutica e quatro (5,3%) abandonaram o tratamento. A maioria dos pacientes era do sexo masculino (73,3%), entre 15-59 anos (74,3%), pardos (59,8%), com ensino fundamental II incompleto (26,7%), apresentavam lesões (99,4%) e 74,4% residiam no Recife. Das 709 amostras, 622 (87,7%) apresentaram resultado positivo para qPCR (para um ou dois dos alvos avaliados), atendendo aos critérios estabelecidos para tipagem por MLVA; desta forma, propomos a qPCR como ferramenta para selecionar amostras para genotipagem. Dos 17VNTRs analisados, quatro apresentaram alto poder discriminatório (HGDI>0,8) e não foram empregados na definição de agrupamentos de genótipos. Os genótipos definidos por meio de 13VNTRs revelaram a existência de 31 clusters incluindo 179 (52,2%) amostras de um total de 343 isolados, sugerindo alto nível de transmissão (recente) durante o período de estudo. Observamos dois grandes clusters, compostos por 36 (10,5%) e 39 (11,4%), todavia, a razão disso é discutida. Ao associar os clusters com dados clínicos-demográficos, observamos que: idade, carga bacilar, ano de coleta e tempo de residência na região, como possíveis fatores de risco; não foi vista associação entre clusters e pacientes MB, raça, idade<15 anos e outros. Diferentemente dos pacientes com recidiva/reinfecção, falha no tratamento ou abandono, não foi observada concentração espacial na hanseníase infantil; os aglomerados espaciais não parecem estar espalhados aleatoriamente, aparentemente pertencem a um dos maiores clusters. Nossos dados demonstraram variabilidade de genótipos de M. leprae com existência de dois grandes clusters compostos por 22% dos isolados genotipados. É tentador concluir que pode ser pela existência de um ou mais fatores de risco para transmissão recente, mas uma maior virulência de cepas em cluster poderia ter papel importante nesse cenário e precisa ser investigada. Como a hanseníase é uma doença de desenvolvimento lento, a associação de clusters com determinados fatores ambientais ou humanos não é fácil e genótipos específicos podem estar presentes na população ao longo de décadas. Um novo estudo incluindo contato domiciliar, análise de redes sociais, técnicas de genotipagem mais sensível e participação não humana na transmissão pode responder a algumas das muitas perguntas que permanecem após este estudo
2022-01-01T00:00:00ZPersistência da viabilidade do Mycobacterium leprae em pacientes do Mal de Hansen sob tratamento
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/55951
Persistência da viabilidade do Mycobacterium leprae em pacientes do Mal de Hansen sob tratamento
Neumann, Arthur da Silva
A Hanseníase, que tem como agente etiológico o bacilo Mycobacterium leprae, é uma doença curável por meio do uso da poliquimioterapia (PQT/OMS), composta pela combinação das drogas dapsona, clofazimina e rifampicina. O tratamento pode ter longa duração, podendo chegar a um ano dependendo do índice baciloscópico do diagnóstico, que pode ser alto em pacientes multibacilares ou baixo em pacientes paucibacilares. Devido à toxicidade do tratamento, a hanseníase apresenta um nível variável de adesão entre pacientes, acarretando assim na falha terapêutica e o surgimento de cepas resistentes às drogas. O projeto tem como objetivo aplicar uma metodologia molecular baseada na detecção de rRNA 16S do bacilo por uso de PCR em tempo real, mensurando sua viabilidade em raspados bucais e nasais de pacientes multibacilares ao longo dos 6 meses iniciais do tratamento. Análises de detecção de cepas resistentes e de perfis metabólicos de acetilação (NAT2) e de oxidação (CYP450) dos pacientes foram feitas nos casos de persistência do bacilo no tratamento. Os resultados apontam que o número de bacilos não diminuiu drasticamente na região nasal na maioria dos pacientes (8 de 15 indivíduos). A viabilidade do bacilo aparenta não ter relação com a resistência às drogas nesse estudo. Dos pacientes selecionados, 5 possuem perfil de acetilação intermediária, 3 possuem acetilação rápida e 2 possuem acetilação lenta. Sobre os perfis de oxidação, 9 possuem oxidação rápida e somente 1 possui oxidação intermediária. Contudo, as relações de perfis metabólicos com altas chances de efeitos adversos (acetilação intermediária ou lenta/ oxidação rápida) também mostraram uma possível relação com a viabilidade do bacilo, uma vez que esses perfis tiveram diminuição na viabilidade mais tardia. O estudo sugere que a PQT é eficiente, mas não como a literatura cita, e que perfis metabólicos podem, não só aumentar as chances efeitos adversos, como também influenciar na viabilidade do bacilo
2017-01-01T00:00:00ZParticipação da autofagia na diferenciação de mioblastos de músculo esquelético
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/55143
Participação da autofagia na diferenciação de mioblastos de músculo esquelético
Silva, Aline Araujo da
A distrofia muscular de Duchenne (DMD) é uma miopatia genética ligada ao cromossomo X que afeta 1 a cada 3.500 meninos nascidos vivos. A doença é caracterizada pela ausência funcional da distrofina, proteína essencial para a manutenção da integridade da fibra muscular. O paciente afetado apresenta dificuldades em deambular já na primeira infância e geralmente vem a óbito por volta da 2ª década de vida por insuficiência cardiorespiratória. Um dos modelos de estudo mais utilizados é o camundongo mdx/mdx, que apresenta uma mutação espontânea no cromossomo X e, apesar da doença não ser letal nesses animais, a sua progressão é semelhante a doença em humanos, principalmente no músculo diafragma. A fragilidade das fibras musculares devido à falta da distrofina leva à sua morte, principalmente por necrose, e resposta inflamatória crônica. Além do quadro degenerativo apresentado, a regeneração de fibras musculares tem um papel muito importante na progressão da doença e a formação de novas fibras depende da diferenciação de células progenitoras (mioblastos) encontrados nos músculos esqueléticos. Nosso objetivo é avaliar se a ativação da via autofágica leva à diferenciação de mioblastos e não à morte celular, baseando nossos resultados na ativação da molécula LC3-I, marcador típico de autofagia. Observamos por imunohistoquímica intensa marcação para LC3-I em fibras musculares jovens e mioblastos, sendo detectado ainda em mioblastos da linhagem C2C12, quando cultivados em meio pobre em nutrientes (estímulo clássico de indução autofágica), a capacidade de iniciar o processo de diferenciação com alta viabilidade celular, confirmada por citometria de fluxo. A avaliação por Western Blotting de células em diferenciação mostrou a alta expressão de LC3-I após 24 e 48 h de indução. Além disso, quando as células de linhagem C2C12 são cultivadas durante 24 h em meio de diferenciação contendo os inibidores de PI3K tipo III, 3-MA e Wortmanina (bloqueadores de autofagia), há uma redução na ativação de LC3-I, mas as células ainda se diferenciam. Nossos dados mostram que o processo de diferenciação de mioblastos ativa pelo menos as etapas inicias da via de autofagia, mas aparentemente há vias alternativas independentes de PI3K tipo III e LC3
2012-01-01T00:00:00Z