CDTS - Teses de Doutorado dos Profissionais
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/14032
2024-03-28T11:32:17ZDo nicho ao bicho: ferramentas de predição para a vigilância da Febre Maculosa no Brasil
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/59125
Do nicho ao bicho: ferramentas de predição para a vigilância da Febre Maculosa no Brasil
Rodrigues, Claudio Manuel
Introdução: A febre maculosa (FM) é uma doença infecciosa causada por
bactérias do gênero Rickettsia sp. veiculada no Brasil principalmente por carrapatos
do gênero Amblyomma sp., reconhecidamente comuns às áreas de pastagem, bordas
de matas e margens de rios. Reconhece-se quase que uma absoluta prevalência de
casos e, por conseguinte, de hospitalizações e de óbitos na região Sudeste, quando
analisada a situação epidemiológica da doença em outras regiões do país.
Acompanhando as premissas da Saúde Única, acreditamos que a crescente atividade
humana impacta os ecossistemas naturais, perturbando as suas estruturas e funções,
o que leva a perda e alteração da biodiversidade. Dessa forma, quando trasladados
para a perspectiva da FM, estes efeitos levam às alterações no bem-estar e na saúde
dos coletivos humanos, visto que tanto agentes riquetsiais, como seus vetores e
hospedeiros, contribuem para a difusão da doença em áreas de recente processo de
urbanização. Objetivo: Discutir o uso de ferramentas de predição para a vigilância da
FM, à luz dos conceitos da Saúde Única, no território brasileiro. Metodologia: Revisão
da literatura especializada sobre aspectos ecológicos e epidemiológicos da FM no
país; revisão narrativa a respeito das perspectivas da Saúde Única, em uma análise
crítica frente aos movimentos correlatos da Ecologia Médica e da Ecohealth, quanto
aos aspectos envolvidos na reemergência de zoonoses nos últimos anos; estudo
epidemiológico sobre casos de FM entre os anos de 2007 e 2016 nos três estados de
maior incidência da doença no Brasil; desenvolvimento de um modelo de
adequabilidade climática para quatro espécies de carrapatos de importância para a
transmissão da FM no país; e produção de um mapa de perigo para a transmissão da
FM no estado do Rio de Janeiro. Resultados: Dentre outros, destaque para a
espacialização e especialização da atenção à Saúde e aumento de casos urbanos e
domiciliares de FM nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro;
validação por especialistas da adequabilidade climática para quatro espécies de
carrapatos de importância epidemiológica para a FM no território nacional; e produção
de um mapa de perigo para distintos cenários de transmissibilidade de FM no estado
do Rio de Janeiro. Conclusão: É essencial estimular mecanismos preditivos de
vigilância da FM que observem as relações ecológicas entre vetores e hospedeiros,
principalmente de áreas ditas em silêncio epidemiológico ou que sofreram acelerado
processo de degradação ambiental. Assim, os modelos de predição desenvolvidos na
tese, quando associados às metodologias de análise de situação epidemiológica,
poderão ser úteis no planejamento de ações de vigilância e na gestão da atenção à
saúde.
2020-01-01T00:00:00ZRisk sharing agreements: acordos de partilha de risco e o sistema público de saúde no Brasil - oportunidades e desafios
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/19732
Risk sharing agreements: acordos de partilha de risco e o sistema público de saúde no Brasil - oportunidades e desafios
Hauegen, Renata Curi
Está posto que a crise no setor saúde que impede o pleno acesso a medicamentos - e por pleno entendemos universal, equânime, gratuito e de qualidade - aflige quase a totalidade dos países do mundo. A incorporação de medicamentos no sistema público de saúde parece a etapa administrativa
mais sensível a essa crise. Isso porque o gestor administrativo encontra-se entre pressões extremas. Por uma lado, está a indústria farmacêutica, oferecendo novas tecnologias, cada vez mais caras, a partir de suposto desenvolvimento tecnológico mais sofisticado. Evidente que o mero lançamento de tecnologias afeta a sociedade, desejosa de novas soluções para a saúde, que a seu turno também exerce pressão sobre o Estado para que providencie a incorporação do tratamento. Sob o gestor recai, portanto, a responsabilidade pelos efeitos provocados pelo custo de oportunidade, vale dizer, pelas consequências de escolher incorporar determinado tratamento e, necessariamente, desprezar outras terapias, o que produz efeito direto na saúde dos cidadãos sob seu cuidado. Apesar de investimentos cada vez maiores em sistemas de avaliação de tecnologias em saúde no sentido de munir os gestores de mais e melhores dados para o processo de decisão, ainda reside alto grau de incerteza, sobretudo para terapias sofisticadas e de alto custo. Nesse contexto, nos deparamos com diversas medidas recentemente adotadas por países mais desenvolvidos no sentido de amenizar os riscos e arrefecer o custo de oportunidade na tomada de decisão quanto à incorporação de medicamentos. Entre elas encontramos o contrato de partilha de risco, mais conhecido na literatura estrangeira por Risk Sharing Agreement, no qual o Estado concorda com a incorporação temporária de novo medicamento enquanto a Indústria Farmacêutica aceita receber pelo produto preço que será determinado conforme o desempenho do medicamento em reais condições de uso. A partilha de risco depende, necessariamente, da coleta de evidências adicionais que podem se referir aos benefícios terapêuticos ou ao volume de medicamento, conforme avaliação de seu uso na prática. Esse contrato situa-se entre diversas outras medidas que escapolem das etapas tradicionais dos processos de análise, incorporação e precificação de medicamentos, por isso consideradas inovadoras e alternativas. E dentre elas, consideramos o Acordo de Partilha de Risco (APR) a mais ousada das medidas, porque açambarca ferramentas e soluções que outras estratégias oferecem, como a incorporação provisória de produto, prevista na medida que denominamos de Incorporação Condicionada, enquanto, simultaneamente, pretende exibilizar o preço do medicamento, um dos componentes mais importantes para a saúde do sistema público - e, provavelmente, o elemento mais caro à Indústria Farmacêutica. Para essa tese foi necessário, primeiramente, apresentar o Acordo de Partilha de Risco no contexto das demais medidas alternativas relevantes que com o contrato se confundem e, em algum grau, impedem a plena compreensão do que consiste tanto o APR como as demais medidas. Só após percorrermos a literatura estrangeira sugerimos uma taxinomia para os Acordos de Partilha de Risco no Brasil. A nossa definição do APR antecede o cumprimento do principal objetivo da tese: fornecer, a partir da análise crítica da experiência internacional, elementos para que os gestores públicos possam decidir se o APR tem lugar no sistema público de saúde do Brasil, e, se positiva a resposta, sugerir meios para que o façam. Dessas tarefas cuidamos nos capítulos 3 e 4, quando apresentamos o APR no cenário internacional e avaliamos as condições para sua adoção no Brasil. Nos parece inexorável que alguma modalidade do APR seja usado no Sistema Nacional, sobretudo pela atração que seu conceito exerce em tese. A consecução de seus objetivos, contudo, se apresentou mais difícil na prática. Por essa razão, cuidamos de detalhar as precauções a serem tomadas na hipótese de adoção do APR. Ainda que tomados os cuidados apontados é possível que o APR não promova, efetivamente, a redução do preço do medicamento, que pode ser tomado seu objetivo fundamental. O APR, contudo, requer ferramentas para se estabelecer, como o fortalecimento dos sistemas e centros de avaliação de tecnologias em saúde, a participação da sociedade na escolha de métricas de avaliação, a discussão sobre desenvolvimento tecnológico, e o mero esforço público nesse sentido representa um ganho para o país. Além disso, o APR promove uma nova forma de interação entre o Estado e a Indústria Farmacêutica, substituindo o desgastado modelo de regulação verticalizada - e estratégias que permitem à IF dele se esquivar - por uma forma de relação cooperativa e horizontal. Por fim, ressaltamos que desde a descoberta do APR analisamos o contrato sob a perspectiva do interesse público. Nós concluímos, ao final da análise criteriosa do modelo de contrato, que experimentá-lo, observadas as sugestões elaboradas especialmente para adequar o contrato às peculiaridades do nosso país, pode fortalecer o sistema público de saúde e ampliar o acesso a medicamentos no Brasil.
2014-01-01T00:00:00ZColaboração como estratégia para instituições de ciência e tecnologia em saúde: uma proposta de indicadores para análise organizacional
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/14102
Colaboração como estratégia para instituições de ciência e tecnologia em saúde: uma proposta de indicadores para análise organizacional
Fonseca, Bruna de Paula Fonseca e
Em meio às crescentes mudanças, avanços tecnológicos e científicos, a atuação em rede tem adquirido papel de extrema importância. Especialmente na área da saúde, a participação de instituições de ciência e tecnologia (C&T) em redes colaborativas permite combinar diferentes tipos de conhecimentos e competências para resolver problemas complexos, impulsionando não só a criação do conhecimento, mas também o processo de inovação. Assim, entende-se que para as instituições públicas de C&T que atuam nessa área, o mapeamento de suas redes de colaboração e a consequente organização de informações relevantes, que auxiliem na disponibilização de informações estratégicas, é de extrema importância na construção de um futuro alinhado a demandas sociais. Este estudo propõe um método de produção de informações estratégicas baseado em um conjunto de indicadores de redes de colaboração, com o intuito de subsidiar processos de planejamento estratégico e tomada de decisão em instituições de C&T em saúde. O conjunto de indicadores foi testado em duas instituições correlatas, Bio-Manguinhos e o Instituto Butantan, e foi capaz de fornecer informações que permitiram a avaliação das várias redes existentes nas organizações e a identificação de suas sobreposições e diferenças. Foi possível fornecer dados tanto no nível micro, gerando informações sobre cada indivíduo membro da rede, quanto no nível macro, de forma a adquirir conhecimento sobre a estrutura de cooperação institucional. Assim, na busca pela avaliação do comportamento colaborativo de instituições de C&T, esta tese contribui de maneira inovadora ao se utilizar da análise de redes como método de escolha para a produção de informações estratégicas.
2015-01-01T00:00:00Z